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Melhor idade: é preciso aprender a se reconstruir

Nesse 1º de outubro foi comemorado o Dia do Idoso e, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho, aponta que, a partir de 2039, haverá mais pessoas idosas do que crianças vivendo no Brasil. Para conhecer esse público que está vivendo por mais tempo, a reportagem do Jornal Gazeta traz depoimentos de alguns idosos. Eles estão na melhor idade e precisam aprender a se reconstruir para melhor viver esse ócio, que a vida proporciona após os 60 anos.

Última atualização: 2018/10/06 7:23:15


Ines Dalpiva, de 78 anos, adora cantar no grupo de idosos que frequenta toda quarta-feira


Engraçada, auto astral, leve e com uma animação incrível. Assim é a dona Ines Catarina Dalpiva, de 78 anos, que cedeu entrevista ao GC minutos antes de começar a cantar no grupo de idosos “Os Pioneiros”, do Bairro Agostini, em São Miguel do Oeste. Entre as músicas que mais gosta estão as do cantor Amado Batista e Roberto Carlos, mas são também as músicas gaúchas declamadas com entusiasmo e carinho por ela. 

Aposentada como agricultora, Ines conta que teve passagens difíceis na sua vida, mas hoje faz o que mais gosta que é frequentar o grupo de idosos toda quarta-feira. Ela não curte jogar baralho, mas adora um dominó e cantar para sócios do grupo. “Canto para a diversão. Sinto muita alegria em vir aqui. Meus idosos é o meu coração. Antigamente eu vinha para dançar, agora, por causa da minha perna não consigo me locomover bem, então eu jogo dominó, canto, conto piadas”, lembra.

Ela relata que a vida sempre tem graça. “Se eu fosse pensar, eu tenho vontade de deitar na cama, porque a gente descansa cedo. Mas eu digo não! Eu gostaria de dizer aos vovôs para saírem de suas tocas e irem se divertir, porque a vida é curta, mas é bela”, convida Ines. 

Maria Gomes frequenta o mesmo grupo da quarta-feira. Ela tem 63 anos e adora sair de casa para ver os amigos e o pessoal dançando. Ela faz parte dos quase 100 sócios que frequentam os encontros, segundo informou a presidente do grupo, Maria Olivia Schneider.

Retorno à sala de aula 

Há aqueles que gostam de se divertir, de se encontrar e estar com um grupo. Mas, há aqueles que também desejam se encontrar em outro ambiente: a sala de aula. Essa é uma realidade que a Unoesc está oferecendo para os idosos do município, através da Universidade da Terceira Idade (Uniti).

O aposentado Diomar Renato Richter Lohmann, de 65 anos, conta que passar pela formatura da Uniti foi especial. “A Uniti foi uma oportunidade única na minha vida. Ampliei meus conhecimentos e recebi um certificado acadêmico. Além disso, senti-me confiante em saber que ainda posso aprender”, afirma.

Rosilene Wolff, de 57 anos trouxe a sua mãe, Justina Mascarello, de 77 anos, para participar de um encontro realizado com veteranos da Uniti, que deram as boas-vindas à nova turma. “Adquiri muitos conhecimentos sobre saúde, qualidade de vida, alimentos e sobre a área jurídica. Então resolvi convidar a minha mãe para participar das aulas”, comenta Rosilene, que é professora aposentada.

Justina Mascarello diz que ficou feliz com o convite da filha. “Nunca imaginei que, aos 77 anos, teria a oportunidade de frequentar uma universidade. Tive a oportunidade de estudar apenas até a segunda série do primário e, agora, tenho a possibilidade de aprender coisas novas e fazer novas amizades “, destaca a aposentada. 

“No Brasil, a população da terceira idade já chegou aos 10%, com perspectiva de crescimento para as próximas décadas. Portanto, o futuro próximo será marcado pela continuidade do envelhecimento populacional, o que representa uma participação cada vez mais intensa desse público tanto no mercado de trabalho como nas relações de convívio social”, avalia o diretor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Unoesc, professor Evelácio Roque Kaufmann.

Equilíbrio entre corpo, mente e espírito


Modesto Bataglin, de 63 anos, leva hoje uma vida saudável com alimentação balanceada, meditação e atividade física. Ele descobriu aos 30 anos que era hora de mudar de hábitos, ou não iria ter qualidade de vida. “Eu fazia muitas viagens, vivia na estrada e era uma época que eu não pensava em outra coisa a não ser trabalhar. Eu tinha serviço em toda a região, pois fazia serviços hidráulicos, então era muito estresse, fiquei com gastrite e anemia, foi então que eu vi que minha alimentação deveria mudar drasticamente”, revela.

Bataglin também lembra que um amigo sugeriu fazer um curso de meditação, que despertou nele o melhor e uma mudança muito grande. Além disso, após um acidente de trabalho, quando ainda era jovem, foi orientado pelo médico a procurar uma atividade física menos agitada do que o futebol. Foi então que ele, com pouco mais de 30 anos, descobriu o atletismo. Hoje modesto coleciona troféus e medalhas de campeonatos em que vem participando. O atletismo virou sua principal ocupação, para a qual ele se dedica diariamente. “É mais fácil você me perguntar quais os dias que eu não corro”, brinca. 

“Você é aquilo que você pensa, aquilo que você medita, e aquilo que você se alimenta. Meus planos são de continuar correndo, e tentar ter mais tempo para mim mesmo porque isso faz com que tenhamos prazer em viver a nossa vida. Além disso, cada ser humano tem um sentido de existir, e não importa se você tem um corpo perfeito, ou limitado. O que vale é que você sempre tem uma qualidade para se orgulhar de estar vivo”, argumenta.

E complementa: “Quando a pessoa chega na terceira idade ela precisa se reconstruir, tanto física, mental, emocional e, porque não espiritual?”, conclui Bataglin.   


Ines Dalpiva, de 78 anos, adora cantar no grupo de idosos que frequenta toda quarta-feira

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