Menor adesão à campanha de vacinação contra a poliomielite foi registrada nas grandes cidades do Estado; MPSC apura possível omissão do poder público
Fonte: Beatriz Rohde / ND+
Última atualização: 2024/07/19 3:45:32O baixo índice de imunização contra a poliomielite em Santa Catarina preocupa as autoridades da saúde. Na última campanha, entre maio e junho, somente 43,43% das crianças de um a quatro anos foram vacinadas no Estado.
O alerta vem de um levantamento do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) e da Dive (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), divulgado na quarta-feira (17).
Responsável pela paralisia infantil, a poliomielite é uma doença viral extremamente contagiosa entre crianças de até cinco anos. O problema foi erradicado no Brasil graças à vacinação em massa nas décadas de 1980 e 1990.
A baixa cobertura vacinal registrada nas últimas campanhas, porém, provoca o temor de um possível retorno. Em Santa Catarina, o índice de imunização está muito abaixo do ideal, que é de 95% do público-alvo.
“A campanha de vacinação contra a poliomielite terminou com números preocupantes de cobertura vacinal no estado”, aponta o promotor de Justiça Douglas Roberto Martins, que coordena o Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública do MPSC.
Ele recomenda que as Promotorias de Justiça avaliem os dados coletados pelo levantamento, para apurar uma possível ineficiência ou omissão do poder público na divulgação da importância de imunizar as crianças.
O município catarinense que registrou maior cobertura vacinal foi Santa Rosa de Lima, com 145,95%. O percentual significa que a cidade, de apenas 2.133 habitantes, vacinou mais crianças do que o esperado.
De modo geral, as cidades pequenas tiveram maior adesão à campanha de imunização contra a poliomielite. Municípios como Santiago do Sul e Frei Rogério são outros que aparecem com mais de 100% de cobertura vacinal.
Já as grandes cidades decepcionaram os órgãos de saúde. Joinville, município mais populoso do estado, com cerca de 615 mil habitantes, vacinou apenas 20,03% do público-alvo.
Florianópolis alcançou apenas 17,75% da meta e Blumenau 24,4%. O pior resultado registrado foi em Lages, cuja cobertura vacinal contra a poliomielite ficou em 13,86%.
“Se houver uma criança infectada no mundo, as crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Enquanto a doença não for erradicada por completo, os riscos são extremamente grandes. Por isso é importante manter altas taxas de cobertura vacinal e vigilância constante das autoridades”, alerta o promotor Douglas Roberto Martins.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de SC informa que a cobertura vacinal contra a poliomielite no Estado em 2024, para crianças menores de 1 ano, é de 71,59%. A meta de 95% recomendada pelo Ministério da Saúde para a vacina é para todo o ano de 2024. Desta forma, as equipes municipais e estadual de saúde seguem trabalhando para que a meta seja alcançada dentro do prazo estabelecido, que é até o fim do ano.
Ainda segundo a Secretaria da Saúde, entre os dias 27 de maio e 14 de junho de 2024 foi realizada a Campanha de Vacinação contra a poliomielite em SC. O objetivo foi reforçar a proteção de crianças já vacinadas com a aplicação indiscriminada da vacina oral contra a poliomielite (VOP), a vacina de gotinha, em crianças de 1 a 4 anos. A cobertura vacinal obtida na campanha foi de 43,43%.
Portanto, a SES esclarece que a cobertura de 43% foi referente a Campanha de Vacinação realizada entre os meses de maio e junho e que não tem relação com a cobertura estadual geral do ano de 2024.
Embora a poliomielite atinja com mais frequência as crianças, o Poliovírus também pode surgir em adultos. A transmissão da doença ocorre pelo contato com água, objetos e alimentos contaminados por fezes, além de gotículas expelidas por pessoas infectadas.
A poliomielite pode causar a paralisia dos membros superiores e inferiores e até a morte. Em muitos casos, no entanto, a pessoa não manifesta sintomas e a doença passa despercebida.
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sintomas são:
Na forma paralítica surgem:
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