Além de reduzir pegada ecológica, edifícios baseados nas normas "Passivhaus" usam padrão de ventilação que evita recirculação de ar e filtra poeira fina — que pode conter microrganismos nocivos
Em 1991, o físico Wolfgang Feist construiu a primeira casa passiva do mundo na cidade de Darmstadt, ao sul da região metropolitana de Frankfurt, na Alemanha. A moradia para qual Feist e sua família se mudaram marcou o início de uma transformação na área do design e da construção civil, abrindo caminho para obras mais sustentáveis e econômicas.
As chamadas casas passivas (ou passivhaus, em alemão) seguem um padrão de normas rigorosas que buscam maximizar a eficiência energética de edifícios. Em comparação com construções comuns, as edificações passivas podem chegar a consumir até 87% menos energia e, ainda assim, manter um excelente nível de aquecimeno ou refrigeração no ambiente interno, sem deixar o conforto e a economia de lado. Tudo isso reduzindo também a pegada ecológica deixada pela construção. O bolso e o meio ambiente agradecem.
Ao longo de décadas de aprimoramento, o modelo de obra passiva apresentou uma série de soluções arquitetônicas e, em meio à pandemia, algumas delas também podem ser aplicadas em benefício da saúde de quem vive ou trabalha nessas construções.
Feist ressaltou que ter um sistema de ventilação com recuperação de calor é a melhor saída para construções em tempos de Covid-19. Isso porque esse tipo de sistema traz ar fresco e limpo para dentro de casa, evitando a recirculação de ar que preocupa especialistas em saúde por aumentar o risco de contaminação pelo novo coronavírus.
Outro ponto positivo dos edifícios e moradias passivas certificados é que esses sistemas geralmente vêm acompanhados de um filtro de poeira fina altamente eficiente, capaz de barrar microrganismos nocivos. “Portanto, edifícios residenciais passivos também são bons para a saúde!”, afirmou Feist, que é professor da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e diretor do Instituto Passive House.
A ventilação adequada também foi uma das principais preocupações do projeto do primeiro hospital do mundo a ser construído sob as normas da Passivhaus. Localizado em Frankfurt, o Klinikum Frankfurt Hoechst conta com um sistema de ventilação que assegura que ar fresco e preaquecido circule constantemente nos cômodos, segundo comunicado à imprensa.
Ao longo de quase três décadas, mais de 25 mil obras foram construídas de acordo com o modelo Passivhaus, de casas e escritórios a escolas e supermercados. A maioria das edificações se encontram na Alemanha e na Escandinávia, mas têm crescido em países como Estados Unidos e China. O gigante asiático, em especial, tem apostado na construção de distritos inteiramente baseados no conceito de design sustentável alemão. Na América Latina, o Chille se tornou a primeira nação a se filiar ao Instituto Passive House, mas outros projetos pontuais já foram firmados na região, inclusive no Brasil.
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