O Jornal Gazeta mostra às mudanças que aconteceram com a celebração da Páscoa, trazendo relatos de Maria Helena Tesser, 61 anos, que é mãe da Maura Letícia Tesser de 28 anos, e avó do Emanuel Francisco Tesser, de 07 anos, de Guaraciaba. Três gerações diferentes que conduzem a uma reflexão interessante ao falarem sobre o sentido desta data que tanto mudou com o passar do tempo. Acompanhe.
A reportagem do Jornal Gazeta conversou nesta semana com Maria Helena Tesser, 61 anos, que é mãe de Maura Letícia Tesser, 28 e avó do pequeno Emanuel Francisco Tesser, 7 anos. Os três vivem juntos em Guaraciaba e possuem um jeito diferente de celebrar a Páscoa, essa data onde celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo.
Maria
Helena, Maura e o Emanuel celebram de forma diferente a Páscoa, isso porque,
com o passar dos anos, segundo Maria Helena, as famílias foram distanciando-se
umas das outras, a Páscoa deixou de ser um momento de partilha e a celebração
da mesma é feita a partir de festas e troca de presentes. “Quando eu era
criança a gente vivia mais a celebração, a vida, a fé, não tinha muita
festividade, a tradição da oração e da fé é que conduziam essa data. Nos
reuníamos em família”, conta ela.
Hoje
apesar de estranho, o diferente é reunir a família explica Maria Helena. “A
gente procura reunir a família na Páscoa, e isso é diferente porque a própria
mídia vendeu uma imagem de que a Páscoa é apenas o comércio, o consumo. As
crianças pedem presentes porque a televisão diz isso, a propagando incentiva.
Penso que nós temos responsabilidade diante dessa realidade e por isso,
precisamos resgatar o convívio em família nessa data e em todos os outros
momentos da nossa vida”.
Maura
Letícia Tesser que tem 28 anos de idade, faz parte de outra geração que foi fortemente
influenciada pela cultura comercial da celebração da Páscoa e de outras datas
em destaque no calendário. Mesmo assim, ela conta que a mãe, Maria Helena,
sempre procurou repassar um sentido diferente do que era mostrado na televisão
e nas propagandas. “Na minha infância a gente costumava pintar as casquinhas
vazias dos ovos, com papel crepom e vinagre. Comia chocolate apenas em duas
datas do ano, na páscoa e no natal, não tinha acesso a chocolate como as
crianças e adultos têm hoje. Lembro que a mãe fazia a cesta de páscoa e
guardava em um lugar da casa. A gente acordava no domingo de páscoa, de
madrugada, para procurar a cestinha que vinha carregada de ovos com ‘cricri’ e
alguns chocolates. Não tinha presente, nada de valor econômico significativo,
mas tinha um sentido, era páscoa, celebração, unidade”, menciona.
Os
desafios de resgatar o sentido da páscoa com as novas gerações
Emanuel
Francisco Tesser faz parte de outra geração. Com apenas 07 anos de idade, ele é
orientado pela mãe Maura e pela avó, Maria Helena, à vivenciar um outro sentido
de Páscoa, que em outros tempos era o que mais valia. “A gente procura passar
para o Emanuel que não é o presente comprado na loja que conta, e também
buscamos não comprar presente sempre que ele pede. Mesmo tendo que competir com
o que a televisão diz, com as propagandas nas lojas, a gente fala para ele que
o significado da páscoa está relacionado a celebração da vida de Jesus, um
homem que lutou muito e deu a sua vida para tentar fazer com que a humanidade mudasse
e construísse um mundo diferente”, diz ela.
Maria Helena,
fala que o exemplo dos avós é imprescindível para que as crianças consigam
compreender que a páscoa, e que outras datas também existem para serem
celebradas junto com a família, amigos, compartilhando a experiência da vida.
“Como diz o ditado: ‘A gente tenta segurar’. Não é fácil explicar para uma
criança que os brinquedos, que comprar o chocolate em excesso é algo supérfluo.
Penso que somos sim responsáveis pelas novas gerações, e muitas vezes erramos,
acabamos comprando, consumindo de forma excessiva, mas precisamos pensar sobre
isso, falar sobre essas questões e procurar resgatar o que aprendemos com
nossos pais há bastante tempo”.
Maura
conta ainda, que um de seus desafios nessa páscoa é tirar aquele tempinho para
junto com a mãe Maria Helena e o filho Emanuel, confeccionar as famosas
casquinhas de ovos, pintadas com papel crepom e vinagre. “Ainda não deu tempo,
mas a gente vai fazer, não vai?”, diz Maura olhando para Emanuel que de imediato
responde: “Vai sim. Eu sei que vai dar tempo”.
Além
das casquinhas de ovos com ‘cricri’, que ainda serão feitas pela família para
consumo próprio, Maura também vem dedicando-se a incrementar a renda dos três,
com a venda de ovos de chocolate, aqueles recheados, que a gente compra para
comer de colher. “Faz pouco tempo que conseguimos abrir a ‘Mimos Brigaderia e
Café’ aqui em Guaraciaba. Para essa páscoa já encerramos os pedidos de ovos de
chocolate, pois foram muitos pedidos. Penso que uma das questões que as pessoas
têm valorizado também é a compra de coisas mais caseiras, que se aproximam mais
do que faziam antigamente, então percebo que esse é um ponto positivo a ser
destacado, que embora a conotação seja bastante comercial diante desse e de
outras datas, pelo menos aqui no município vejo as pessoas querendo consumir os
produtos caseiros, para relembrar a páscoa que era celebrada antigamente, com a
família, com a partilha de alguns doces e a celebração da vida”, finalizou.
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