Home No Maio Furta-cor, especialistas alertam: “Mãe feliz é uma mãe que tem rede de apoio e saúde mental acolhida”

No Maio Furta-cor, especialistas alertam: “Mãe feliz é uma mãe que tem rede de apoio e saúde mental acolhida”

Psicóloga, nutricionista materna e enfermeira obstetra explicam por que precisamos falar, com urgência, da saúde mental de quem materna no Brasil

TVGC

Última atualização: 2025/05/05 2:53:35

Por ocasião do Maio Furta-cor, mês dedicado à saúde mental materna, três profissionais — a psicóloga Silvia Nardi, a nutricionista materna Sofie Bohrz e a enfermeira obstetra Débora Calza — participaram do TVGC Cast para discutir um tema que ainda enfrenta tabus, estigmas e negligência: o bem-estar emocional das mães.

“Mãe feliz é mãe que tem rede de apoio, que tem escuta, que tem validação e que não é julgada pelo que está vivendo”, define a psicóloga Silvia Nardi, que atua no atendimento a gestantes, mães e puérperas.

A urgência do acolhimento emocional

Silvia destaca que a saúde mental materna começa a se desenhar muito antes do parto, mas costuma ser ignorada no discurso público e até nos consultórios. “A saúde mental materna é aquela que atravessa toda a maternidade. Começa antes do bebê nascer e não acaba quando ele faz um ano. Ela é duradoura, contínua”, explica.

Segundo a psicóloga, é necessário enxergar a mãe como um sujeito de cuidados, não apenas como um meio para a chegada do bebê. “Quando olhamos só para o bebê, esquecemos que quem cuida também precisa de cuidado. A mãe precisa ser vista como alguém que também está nascendo, que está passando por transformações físicas, emocionais, sociais e até espirituais.”

O papel da nutrição no puerpério

Para a nutricionista materna Sofie Bohrz, os desafios da saúde mental não podem ser dissociados da alimentação e da relação com o próprio corpo. “A mulher, ao parir, também tem um corpo que está em transformação. Há perdas de sangue, alterações hormonais, privação de sono, uma demanda intensa de cuidados… e muitas vezes a alimentação fica em segundo plano, quando deveria ser prioridade”, alerta.

Sofie também denuncia a pressão estética imposta às mulheres logo após o parto, que contribui para o adoecimento psíquico. “Existe uma cobrança para que o corpo volte logo ao ‘normal’, como se isso fosse sinônimo de saúde. Mas a recuperação exige tempo e cuidado. O corpo materno merece respeito.”

Cuidar da mãe é cuidar do bebê

A enfermeira obstetra Débora Calza aponta que o cuidado integral à mãe, inclusive após o parto, é um dos caminhos para garantir o bem-estar de toda a família. “Quando a mãe está bem, o bebê está bem. O cuidado com a mãe não termina na alta hospitalar. Ele deve se estender por todo o puerpério e além.”

Débora também ressalta a importância de políticas públicas voltadas à saúde mental materna: “Precisamos de uma assistência que não seja só técnica, mas também humanizada, que acolha a mulher como um todo, inclusive suas emoções.”

Um chamado à sociedade

As três especialistas reforçam que falar sobre saúde mental materna não é apenas um ato de cuidado individual, mas um compromisso coletivo. “A mulher não adoece sozinha. Ela adoece em uma sociedade que não a apoia”, afirma Silvia Nardi.

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