A cada dia o PSL nos mostra que é o partido que detém, indiscutivelmente, os políticos mais despreparados para gestar nosso país. A bola da vez é do Deputado Estadual Jessé Lopes (PSL – SC) que decidiu criticar de modo pejorativo a campanha nacional Não é Não! promovida pelo Coletivo Feminista de Santa Catarina voltada contra o crime de assédio, demonstrando que não possui o menor conhecimento sobre o tema exposto. Divulgou em sua rede social a ideia de que toda mulher tem o direito de ser assediada e que a campanha é apenas uma tentativa de mulheres frustradas não permitirem que mulheres bonitas sejam paqueradas. Inúmeros absurdos em um único texto.
A campanha foi lançada neste início de ano com a intenção de fabricar e distribuir gratuitamente tatuagens removíveis com a frase “Não é Não!”, o objetivo é diminuir o número de assédios durante os dias de festas. A ideia iniciou em 2017, durante o pré-carnaval no Rio de Janeiro, após importunações sofridas por um grupo de amigas que resolveram criar as tatuagens para distribuição gratuita durante o carnaval. O movimento cresceu, tomou força no país nos últimos anos e, essa semana, ganhou notoriedade após a equivocada interpretação do deputado quanto ao termo assédio.
Primeiramente, explicarei o que é um assédio. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, assédio é uma importunação, uma insistência em algo. O termo também é usado juridicamente e, neste caso, dividido entre assédio moral, verbal, virtual, psicológico e, claro, sexual. Ou seja, o assédio é uma insistência em algo para o qual já foi dito “Não!” Claro que há níveis e situações diferentes e vai do nosso bom senso em cada caso. Por exemplo, uma mãe que cansa de dizer “não” ao filho que não para de pedir sobremesa antes do almoço não está sofrendo um assédio no sentido violento do termo, mas quando, dentro de uma empresa, uma pessoa – geralmente do administrativo e independente de ser homem ou mulher – insiste para que uma/um funcionária/o saia com ele e, inclusive, insinua ou a ameaça com demissão, o assédio passa a ser um crime.
EXPLICANDO a frase “Não é Não!” para o Deputado Jessé Lopes: assédio é uma insistência e, logicamente, só há assédio quando já houve um “não”. Ou seja, quando o cara já chegou na mulher, a mulher já disse um “não” e ele insiste, insiste e insiste! O homem não está proibido de dizer que é bonita ou tentar chamar pra sair, o que não é direito é insistir nisso. Também não deve passar a mão e muito menos tentar agarrar uma mulher que já disse “não” ou que sequer foi questionada.
Há no imaginário masculino a crença de que as mulheres dizem “não” para que eles insistam. Há ainda os que acreditam que a mulher não possui o direito de dizer “não” para um homem e, assim, usam da força para conseguir um beijo ou mesmo algo a mais. Tudo isso não passa de uma estrutura de pensamento machista, que acredita que as mulheres existem apenas para satisfazer as vontades. Tal estrutura de pensamento vai desde a ideia que pode agarrar e beijar quem quiser até mesmo a acreditar que a mãe é obrigada a fazer o almoço para o filho, mesmo que este já seja adulto.
Além disso, há ainda outro raciocínio totalmente equivocado feito por Jessé Lopes, a ideia de que ser assediada é um direito da mulher. Essa ideia é tão absurda que é difícil pensar que precisa de explicação, mas vamos lá. Todo cidadão tem direito de ter educação, saúde, lazer; temos o direito de ir e vir e o direito à vida. Casos de assédio, um crime como já dito, não são direitos para ninguém. O corpo da mulher não é um objeto público para ser direito de outro homem importuná-la.
Para completar tudo, em seu twitter, o deputado ainda afirmou que o feminismo é um movimento de esquerda, outra ideia equivocada. Infelizmente, no Brasil, direita e esquerda são termos deturpados, mas histórica e filosoficamente, o feminismo é uma pauta do Liberalismo, que politicamente defende os direitos individuais. Disso podemos notar que o Deputado Jessé Lopes, além de não saber nada sobre feminismo, sequer conhece o significado da sigla do próprio partido político – Partido Social Liberal.
O PSL surgiu com a proposta de ser um partido inovador, esperava que dentro dessa inovação estaria incluso um estudo sobre Política. Mas, como notamos há tempo, o PSL segue sendo um partido igual aos demais, sem estudo, sem conhecimento de causa e, principalmente, divulgando e insistindo em ideias equivocadas que há muito já deveriam ter sido extintas.
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