6ª edição do levantamento "Retratos da Leitura no Brasil" aponta ainda que menos entrevistados apontam a escola como lugar de prática de leitura
G1
Última atualização: 2024/11/20 8:42:30A leitura de livros está sendo praticada por menos pessoas no Brasil: divulgada nesta terça-feira (19), a 6ª edição da “Retratos da Leitura no Brasil” aponta que 53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa.
É a primeira vez na série histórica que o levantamento conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros.
O levantamento considera tanto a leitura de livros impressos quanto digitais, além de não restringir qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos. (A pesquisa apontou quais obras e autores foram os preferidos dos entrevistados: a lista tem um livro religioso no topo e escritores famosos como os mais citados).
“Se considerarmos somente livros inteiros lidos, no período de três meses anteriores à pesquisa, o percentual de leitores é ainda menor, de 27% dos brasileiros”, afirma a pesquisa.
O número de não leitores verificado em 2024 representa um aumento de cinco pontos percentuais em relação ao de 2019, que era a edição mais recente da pesquisa. Os dados deste ano são os que apresentam o maior total de “não-leitores” na série histórica do levantamento, que começou em 2007.
A “Retratos da Leitura” é considerada a pesquisa mais abrangente na tarefa de medir o comportamento do leitor brasileiro. Ela foi feita pelo Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) e ouviu 5.504 entrevistados durante visitas domiciliares em 208 municípios entre 30 de abril e 31 de julho de 2024.
A pesquisa é uma iniciativa do Instituto Pró-Livro (IPL) e contou com parceria da Fundação Itaú e apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Considerando a estimativa populacional brasileira, os dados apontam que o país tem atualmente 93,4 milhões de leitores (considerando a população com cinco anos ou mais). Nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país, de acordo com os dados.
Outros destaques da pesquisa
A leitura motivada pelo gosto diminui quanto maior a faixa etária dos indivíduos. Entre as crianças de 5 a 10 anos, 38% dizem ler por esse motivo. Durante a adolescência e até os 24 anos, esse índice varia de 31% a 34%.
“Essa redução está em sintonia e pode explicar os demais resultados de queda no percentual de leitores e na média de livros lidos. (…) Esses dados revelam que estamos perdendo esses potenciais leitores, que disseram gostar muito ou gostar um pouco de ler. O que nos faz perguntar o que estamos deixando de fazer para manter esse interesse”, afirma Zoara Failla, coordenadora da pesquisa.
Segundo a pesquisa, as obras mais citadas pelos entrevistados foram:
De acordo com o estudo, aparecem nas primeiras posições:
A maioria dos entrevistados cita a própria casa (85%) como o lugar onde costuma ler. Entretanto, os responsáveis pela pesquisa notam uma queda na identificação da escola como lugar de referência para a leitura. “É preocupante notar como as salas de aula estão deixando de ser um lugar de leitura, conforme a série histórica demonstra”, comenta Zoara Failla.
Segundo a pesquisa, em 2007, 35% citaram o espaço escolar como o lugar onde costuma ler livros. “Em 2011, foram 33%. Na edição seguinte, de 2015, as menções correspondiam a 25% da população. Em 2019, foram 23%. E agora foi de 19%, o menor índice já registrado”, apontam os organizadores da pesquisa.
Os dados mostram ainda que a indicação de livros pela escola tem um peso cada vez menor na motivação. “Considerando o livro atualmente lido pelo entrevistado, apenas 4% responderam que o faziam por recomendação escolar, proporção que foi de 25% em 2011, e 10% nas duas últimas edições da pesquisa (2015 e 2019)”, afirmam os analistas da pesquisa.
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