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O frio chegou para valer

A frente fria que se afasta do Estado e a massa de ar polar que segue influenciando o tempo em Santa Catarina foram as responsáveis pelas menores temperaturas do ano no Estado e no país

Última atualização: 2017/07/21 9:20:58

Perto das 5h da terça-feira, 18, o Morro da Igreja, em Bom Jardim da Serra, registrou (-)7,4ºC, segundo o monitoramento da Epagri/Ciram. Já na cidade vizinha, em Urupema, nesta madrugada os ventos de 43 km/h fizeram a sensação térmica chegar aos -27ºC no Morro das Torres. Por lá, os termômetros marcaram (-) 6,6ºC.

Mas apesar da Serra ter registrado as menores temperaturas, todas as cidades seguem com previsão de uma manhã muito gelada. Nas cidades do Oeste, Meio-Oeste e extremo oeste catarinense, segundo os meteorologistas a situação não foi diferente, ou seja, muito frio. O frio iniciou na segunda e se estendeu até a quinta feira. Mesmo com a com presença de sol e tempo seco, as máximas na Serra e Oeste não passaram dos 8ºC. 

Nas demais regiões, principalmente no Vale do Itajaí, Norte e Grande Florianópolis, o dia foi de sol entre nuvens e os termômetros ficaram entre 12ºC e 14°C. Já no Sul, a máxima não passou dos 10ºC.

BOM JARDIM DA SERRA FOI CAMPEÃ EM BAIXAS TEMPERATURAS

Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, registrou a temperatura mais baixa do ano no país, com (-) 7,4ºC na última terça-feira (18), de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em Urupema, também na Serra, fez -6,8ºC, mas por causa dos ventos de até 43 km/h a sensação térmica chegou aos (–) 17°C, conforme a técnica em meteorologia Bianca Souza.

O frio que trouxe neve à região Sul do país na segunda-feira (17) também se estendeu para o Sudeste e ao Centro-oeste.  Em Florianópolis, os termômetros marcaram 3,2ºC, a temperatura mais baixa do ano na capital catarinense nesse ano. Em Chapecó, no Oeste, fez (-) 1,4°C, a menor desde 2008. Ao menos 70 cidades amanheceram abaixo de 0ºC.

Outro fenômeno registrado em SC foi a neve granular. Conforme a Epagri/Ciram o fenômeno ocorreu na tarde de segunda-feira em Irani, na região do Oeste e outras cidades registraram chuva congelada.

Conforme a Epagri/Ciram, a característica da neve granular é a forma, em grânulos, diferente da em flocos. Ainda segundo o órgão, outras cidades tiveram na tarde desta segunda chuva congelada: Chapecó e Xanxerê, no Oeste, Urupema e São Joaquim, na Serra catarinense.

O FRIO É IMPORTANTE PARA A PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Segundo alguns estudiosos teremos um inverno com poucas chuvas. Significa um inverno mais frio, menos chuvoso e com maior insolação, o que favorece as culturas de inverno, cujo risco maior seria as geadas. A confirmar esse prognóstico, o verão terá chuvas abaixo da média no Sul do Brasil e chuvas acima da média no Centro-nordeste brasileiro.

O frio tem como vantagem para a agricultura a influência sobre as frutíferas de inverno, como macieiras, pereiras, pessegueiros, e outros. Portanto as baixas temperaturas como ocorridas nesta semana, apesar de terem vindo um pouco tarde pode influenciar de maneira positiva a agricultura.

Para que as espécies frutíferas de clima temperado inicie um novo ciclo vegetativo produtivo durante a primavera é necessário que as plantas sejam submetidas a um período de baixas temperaturas. Temperaturas Baixas e regulares são fundamentais para assegurar a indução da planta à entrada e saída da dormência.

O período de dormência é uma condição fisiológica importante no comportamento das espécies vegetais de clima temperado. Desta forma, as baixas temperaturas têm uma dupla função, ou seja, induzir e terminar a dormência, permitindo uma nova brotação de qualidade que indicará uma previsão de boa produção, produtividade e qualidade de fruta.

Com o frio também ocorre uma redução na população de pragas, pois o ciclo de vida dos insetos está ligado a sazonalidade do clima e a disponibilidade de alimentos. Muitos insetos quando as temperaturas estão baixas entram em diapausa (uma forma de hibernação), voltando a suas atividades quando as temperaturas aumentam. Em invernos rigorosos há um menor número de gerações desses insetos e consequentemente redução da população de muitas pragas.

 

ALGUMAS DESVANTAGENS DO FRIO INTENSO

Sobre as desvantagens que podem afetar o meio rural e suas produções, sugere-se que os produtores devem ter alguns cuidados. Como tem possibilidade de geadas em setembro, quando muitas culturas já estão em brotação é recomendado por exemplo, atrasar a semeadura de algumas culturas esse ano, usar cultivares de diferentes ciclos e diversificar épocas de semeadura.

Na região Sul de Santa Catarina, em cidades como Urussanga, a colheita da banana foi antecipada como prevenção contra os efeitos negativos causados pelo frio. A fruta tem a tendência a demorar mais para ficar madura e a qualidade também diminui, fazendo com que a oferta no mercado seja menor, nesse caso, uma geada forte pode causar prejuízos preocupantes para os agricultores de banana.

Produtores de tomate, legumes e hortaliças também sofreram perdas significativas devido ao frio e as geadas. Muitos agricultores estavam se preparando para o intenso frio, entretanto não esperavam temperaturas tão baixas e, principalmente, ventos e geadas. As geadas são as principais causadoras de danos em hortaliças e culturas mais frágeis, combinada com o vento elas chegam a queimar as folhagens das plantas. Já o tomate tem o amadurecimento atrasado devido ao frio.

Na região extremo oeste catarinense onde a tradição nas pequenas propriedades rurais é agropecuária com a produção de carne e leite o frio tem menos influencia negativa na produtividade, mas como tivemos um período muito seco e quente pode afetar diretamente a produção de alimento para esses animais, principalmente a atividade leiteira.

Tenho percebido que as culturas anuais de inverno como aveia e azevém não tiveram o mesmo desenvolvimento que em anos normais de frio e chuvas. Esperamos que agora que veio o frio e com a possibilidade de algumas chuvas esse quadro possa se reverter e aumentar a oferta de pasto aos animais.

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