“Em uma pequena elevação a menos de 30 quilômetros ao sul de Tbilisi, na Geórgia, uma série de casas redondas e de tijolos de barro surge de um vale verde e fértil próximo ao rio. O montículo é chamado de Gadachrili Gora, e os fazendeiros da Idade da Pedra que viveram aqui há 8 mil anos eram amantes de uvas: a cerâmica é decorada com cachos da fruta, e a análise do pólen no local sugere que as encostas arborizadas nas proximidades já foram cobertas com videiras.
Em artigo publicado ontem na revista científica PNAS, uma equipe internacional de arqueólogos demonstrou de forma conclusiva o propósito de todas essas uvas. As pessoas que viviam em Gadachrili Gora e em uma aldeia próxima foram os vinicultores mais antigos que se tem notícia, produzindo vinho em larga escala já em 6.000 a.C., época em que os humanos pré-históricos ainda dependiam de ferramentas de pedra e de ossos.
Escavando as casas circulares sobrepostas no local, a equipe encontrou cerâmica quebrada, incluindo bases arredondadas de grandes jarros, embutidos nos pisos das casas da aldeia. Mais amostras foram encontradas em Shulaveri Gora, outro local da Idade da Pedra a cerca de 1,5 km de Gadachrili parcialmente escavado na década de 1960.
Quando as amostras foram analisadas, o arqueólogo Patrick McGovern, da Universidade da Pensilvânia, encontrou ácido tartárico, uma “impressão digital” química que mostra que resíduos de vinho estavam presentes em fragmentos de cerâmica de ambos os locais.
Combinado com as decorações de uva no exterior dos jarros, amplo pólen de uva no solo fino do local e as datas de radiocarbono de 5.800 a.C. a 6.000 a.C, a análise química indica que as pessoas da Gadachrili Gora eram as mais antigas produtoras de vinhos do mundo. (Moradores de um local chinês chamado Jiahu estavam fazendo bebidas fermentadas de uma mistura de grãos e frutas selvagens mil anos antes.)”
**Matéria extraída da National Geographic Brasil
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