São colhidas 11,4 mil toneladas da fruta ao longo do ano, segundo Balanço Social da Epagri
Oeste Mais
Última atualização: 2023/07/31 11:43:40O Oeste de Santa Catarina é conhecido pela produção de suínos, aves, leite e grãos. Mas, em praticamente todas as propriedades que conduzem essas atividades, é possível encontrar um pomar de citros. Embora não seja a atividade econômica principal, a produção de laranja e tangerina, tanto em pomares domésticos quanto comerciais, complementa a renda das famílias com colheitas que acontecem durante boa parte do ano.
Juntas, as regiões Meio-Oeste, Oeste e Extremo-Oeste concentram 80% da produção de laranja e 22,5% da produção de tangerina de Santa Catarina. São pequenos produtores os protagonistas dessa cadeia produtiva ― cerca de 95% dos citricultores catarinenses vivem em propriedades com menos de 50 hectares, em regime de trabalho familiar.
A área média explorada com citros é de até 2 hectares, onde as famílias cultivam laranjas e tangerinas vendidas para indústrias de suco e para consumo in natura.
É na soma desses pomares que a atividade ganha grandes proporções: já são 1,3 mil hectares em Santa Catarina, divididos em 783 pomares. No Oeste do estado são colhidas 11,4 mil toneladas de laranja e 1,7 mil toneladas de tangerina por ano, segundo números divulgados no Balanço Social da Epagri 2022.
A volta por cima
Nem sempre foi assim. A produção de citros foi introduzida na região por imigrantes de origem alemã e italiana vindos do Rio Grande do Sul, passou por um período de prosperidade com o fornecimento para indústrias na década de 1980, mas poucos anos depois entrou em crise com a falta de compradores e problemas fitossanitários.
Com persistência, tecnologia e muitas parcerias, o setor se recuperou. Hoje, a produção de citros no Grande Oeste de Santa Catarina é uma atividade consolidada graças ao esforço dos citricultores, ao trabalho da Epagri em conjunto com outras entidades, ao apoio do Poder Público e à união do setor produtivo, que se organizou em cooperativas e associações.
No Meio-Oeste, que já foi considerado inapto para o cultivo de citros (especialmente pelo risco de geadas), as plantas encontraram clima e solo muito favoráveis às margens dos rios Canoas e Uruguai. Isso aconteceu graças à formação de um microclima resultante da construção de usinas hidrelétricas na região. A partir disso, a Epagri, prefeituras e empresas geradoras de energia elétrica incentivaram o cultivo de frutas cítricas, principalmente nos municípios de Abdon Batista e Celso Ramos.
Mudas de qualidade
A Epagri se dedica à citricultura há mais de 45 anos, tanto na área de pesquisa, quanto na orientação técnica dos produtores. O resultado é visível na qualidade das mudas comercializadas e cultivadas, com reflexos diretos na sanidade dos pomares e nas colheitas. Há décadas a empresa avalia e introduz em Santa Catarina novos cultivares que oferecem boa produtividade, frutos de qualidade e maior resistência a doenças.
Ao mesmo tempo que evolui em qualidade, a produção catarinense de frutas cítricas se torna mais sustentável. A Epagri orienta os fruticultores do estado a manterem o solo protegido com plantas de cobertura – uma prática que tem grande impacto na preservação do solo e da água.
Outras tecnologias difundidas pela empresa são o manejo integrado de pragas e o uso consciente de insumos, que evitam a contaminação dos recursos naturais. O adensamento de plantio otimiza o uso da área cultivada com maiores produtividades.
Os extensionistas da empresa ainda ensinam os produtores a registrar as práticas agrícolas em cadernos de campo e a cadastrarem suas lavouras no programa de rastreabilidade e-Origem, da Cidasc. Esse sistema centraliza todos os passos das culturas agrícolas dentro da cadeia produtiva, fornecendo ao consumidor e ao mercado informações sobre como o alimento foi produzido.
Oportunidades de mercado
A citricultura é uma das cadeias do agronegócio que mais emprega por área, gerando, em média, um posto de trabalho a cada 9 hectares – isso porque a colheita é feita de forma manual e praticamente durante o ano todo. Um levantamento da Epagri/Cepa revelou a ampliação de 46,7 hectares de laranja e 4,8 hectares de tangerina no Oeste do estado na safra 2021/22. Sinal de que, com apoio e tecnologia, os citricultores encontraram um bom caminho para crescer no campo.
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