Elementos vêm sendo coletados há três anos, desde quando iniciou a investigação. São indícios que embasaram as 11 prisões e os 42 mandados de busca e apreensão.
O inquérito da Polícia Federal da Operação Alcatraz com mais de 7 mil páginas reúne quebras de sigilo fiscal, conversas telefônicas, fotos feitas pelos próprios investigadores e também de redes sociais. Elementos que vêm sendo coletados desde o início da investigação, em 2016. São esses indícios que embasaram as 11 prisões e os 42 mandados de busca e apreensão da ação deflagrada há pouco mais de uma semana. Sete seguem presos.
Um deles é Nelson Castello Branco Nappi, considerado pela investigação como epicentro do suposto esquema que fraudava licitações. O inquérito traz evidências da vida luxuosa de Nelson que, para a PF, tem patrimônio bem acima da capacidade financeira declarada.Como Secretário Adjunto de Administração do Estado, Nelson recebia um salário bruto de R$ 16.358,21. De acordo com o documento da PF, Nelson tinha esses três carros de luxo em seu nome, e outros três como esse em nome do escritório de advocacia que segundo a investigação Nelson é sócio e também em nome da esposa. Além de automóveis, a compra de outros bens entre 2013 e 2016 chamou a atenção dos investigadores. Duas motos aquáticas, uma de R$ 56 mil e outra de R$ 69 mil. Uma parte de uma lancha por R$ 20 mil.
Bolsas e roupas de uma marca francesa de luxo que ultrapassam R$ 600 mil. O inquérito da PF ainda destaca que só dessa marca em 2014, foram gastos mais de R$ 300 mil, praticamente o total de rendimentos nestes anos somados como funcionário público estadual.Em uma viagem, feita com a esposa e as filhas, à Europa no começo do ano passado, mais ostentação. Entre os produtos luxuosos, novamente bolsas e acessórios que ultrapassaram 12 mil euros, mais de R$ 50 mil, pagos em dinheiro, em uma única loja.
No inquérito também aparecem fotos de encontros no prédio onde Nappi mora em Florianópolis. Segundo a polícia, esses encontros seriam para entregar propina a Nappi, que é apontado pela investigação, como o responsável por repassar a outros agentes públicos.Nestas fotos, no dia 23 de maio, aparece o empresário Maurício Rosa Barbosa, entrando no elevador do prédio de Nappi. Ele carrega uma sacola e uma pasta. Dezenove minutos depois, Maurício deixa o apartamento sem a sacola, com duas garrafas de vinho.Maurício é sócio das empresas Integra e Intuitiva que venciam licitações e mantinham contratos com a Secretaria de Administração. Ele foi ao apartamento de Nappi dois dias depois da empresa Intuitiva receber da Secretaria de Administração sete pagamentos totalizando R$ 634 mil. Para a polícia, as empresa de Maurício tinham favorecimento nas licitações.O inquérito traz imagens de outros três encontros na garagem do prédio entre Maurício e Nelson Nappi. Os dois seguem presos.
Investigação
A investigação começou a partir da identificação de notas frias emitidas para empresas do setor de terceirização e de tecnologia que prestam serviços ao governo do estado.De acordo com a PF, essas notas eram compradas para simular despesas e justificar a retirada de dinheiro do próprio caixa. Esse dinheiro, segundo a polícia, seria para pagar propina a agentes públicos e servidores que favoreciam essas empresas na participação de licitações.A investigação apura essa prática entre 2009 e 2018 na Secretaria de Administração e na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Ela segue em andamento, mas até agora os indícios apontam para crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, organização criminosa e sonegação fiscal com prejuízo aos cofres públicos estimado em R$ 130 milhões.
Outro lado
A NSC TV entrou em contato com os dois advogados que representam Nelson Castello Branco Nappi e nenhum deles retornou as ligações para comentar a investigação da Polícia Federal na Operação Alcatraz.Por nota, o advogado de defesa de Maurício Rosa Barbosa disse que não vai se manifestar sobre o conteúdo de conversas que, por força de lei, estão em sigilo.
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