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Os desafios de educar os filhos no contexto das tecnologias

A reportagem do Jornal Gazeta preparou para o dia das mães, uma matéria que reflete sobre os desafios do ‘ser mãe’ mediante tantos avanços da tecnologia, das exigências do trabalho, das transformações na sociedade que limitam muitas vezes o tempo da dinâmica e convivência com os filhos

Última atualização: 2017/05/12 3:19:54

O celular, o computador e a televisão, ‘assumem’ a tarefa do entretenimento, do ‘passar o tempo’ dos filhos. O que você leitor/a acha disso? Até que ponto a tecnologia pode predominar na rotina das famílias? Como as mães e os pais têm se comportado diante dessa nova realidade?Sandra, com o bebê Noah, Sarah (no meio), Diego com o filho Miguel no coloClaudia Weinman                          São três ‘pequenas grandes figuras’. Sarah é a mais velha, de 8 anos. Miguel tem dois e Noah tem apenas três meses. A mesa do café foi colocada pela mãe Sandra Caron e o pai Diego Rossini, para nos receber logo cedo na última terça-feira. A entrevista combinada para durar em média 20 minutos precisou ser prolongada. Ajeita aqui, arruma ali, senta, levanta, troca de colo,{ risos}. Uma bela mesa, com café quentinho e pessoas. No meio de tudo isso, a gente pergunta: Mas e a tecnologia, o celular, o entretenimento das crianças, como isso tudo acontece? Logo, Sandra responde que a mudança para uma casa maior, com uma garagem grande, uma pista de bicicleta do lado da casa, o banho de chuva, as brincadeiras com as crianças que residem aos arredores são mais importantes nesse momento na história da família. “A Sarah tem um tablet, mas usa pouco. A gente gosta muito de ler livros com ela. Incentivá-la a ler. Penso que tudo precisa ter um limite quando falamos em tecnologia. As crianças precisam brincar fora de casa”. O pai, Diego, também acrescenta: “Precisam ter essa interação com outras crianças, fazer atividades que estimulem o desenvolvimento delas”, complementa. Para Sandra, existe um grande desafio quando se trata da educação dos filhos. “A gente sempre pensa que tudo é uma fase. Muitas pessoas que não possuem filhos olham para o pai, a mãe, ficam a analisar quando as crianças fazem alguma ‘arte’ e apenas julgam, mas a gente procura educar nossos filhos da nossa maneira, buscando ideias sempre, mas procurando esse equilíbrio com a nossa felicidade enquanto família”, relata a mãe. Ela conta também que quando teve a experiência da primeira filha, a Sarah, sentia vergonha de sair, de fazer as suas atividades, por receio do comportamento da sociedade. “Hoje penso que não devemos dar atenção para isso. A gente tenta ser bem feliz, quer que os nossos filhos satisfaçam as vontades deles, que sejam questionadores, tenham opinião própria e saúde”, comenta. Nesse sentido, além dos desafios relacionados a tecnologia, ao cuidado para que os filhos vivenciem os momentos do dia a dia junto com a família e não apenas aprisionem-se em programas de televisão ou com os jogos mais variados que existem hoje, Sandra fala sobre esses desafios, presentes na vida em sociedade, onde ser mãe, de três crianças aparece como algo ‘fora do comum’. “Existem muitas recompensas. Tenho orgulho da minha mãe que teve três filhos e hoje tem cinco netos. O Noah, por exemplo, que tem três meses, não foi planejado, foi uma surpresa imensa, mas as pessoas olhavam pra mim e faziam comentários impróprios, desnecessários, criticando. Isso é muito triste. Penso que a mulher já possui uma carga imensa imposta pela sociedade e que as pessoas precisam cuidar com suas palavras. Hoje, quando a gente olha para nosso filho, sentimos uma alegria sem fim, a nossa família é cheia de desafios, mas a gente é muito feliz”, emociona-se. Diego também falou sobre as responsabilidades na educação dos filhos serem vistas como algo coletivo, cuja tarefa deve ser desempenhada tanto pelo pai quanto pela mãe. “A gente procura se ajudar bastante. Eu perdi meu pai muito cedo e tive mais convivência então com minha mãe. Ela sempre me ensinou sobre as tarefas domésticas, sobre como devemos tratar as mulheres porque sabemos que quem passa a maior parte do tempo com os filhos ou com as tarefas domésticas são as mulheres, então eu tento fazer o máximo para contribuir”, finaliza.
Ser mãe na ‘era da tecnologia’Quem também abriu às portas da casa para receber a reportagem do jornal Gazeta foi a família da mamãe Elizandra Seleri e da pequena Sofia Glienke. A mãe contou sobre a rotina e os novos desafios diante das tecnologias apresentadas na atualidade. A psicopedagoga Rosangela Pagnussat também traz algumas dicas importantes Edson, com a filha Sofia e a mamãe ElizandraClaudia Weinman      As transformações que ocorreram na vida das pessoas com o passar do tempo fizeram com que a dinâmica da vida em família fosse transformada. No exemplo trazido por Edson Glienke e a mamãe Elizandra Seleri, pais da pequena Sofia de cinco anos, está a reflexão sobre a necessidade de organizar a vida sem excluir as crianças da utilização das novas tecnologias. O casal falou com a reportagem do jornal Gazeta e contou sobre como eles têm trabalhado para que Sofia tenha acesso a essas novidades sem perder o foco das brincadeiras que estão fora desse universo da televisão, do computador e do celular. Elizandra explica que a família estipulou um tempo de 30 minutos por dia para que Sofia possa utilizar um desses meios tecnológicos para assistir algum desenho. O conteúdo, segundo eles, recebe uma atenção especial. “A gente nunca tem o hábito na verdade de deixar a televisão ligada. Ela fica programada e se desliga conforme programamos. Colocamos algumas regras em casa quanto ao tempo de utilização dos eletrônicos para que a Sofia tenha contato com outras brincadeiras”, disse ela.  Edson também explica que a família é proprietária de uma produtora de vídeos e que a tecnologia está muito presente na realidade de vida deles. “Como estamos muito conectados e nosso trabalho envolve a utilização dessas novas tecnologias, procuramos não excluir a Sofia desse meio, porque a realidade de mundo dela é diferente do que tínhamos há um tempo atrás. Ela precisa saber o que é, como funciona e para que servem essas tecnologias, mas sem dúvidas, o nosso papel de educá-la para entender todo esse processo que é novo é predominante”, mencionou. Sofia aprende desde cedo sobre alimentação saudávelSofia tem à sua disposição uma casa na árvore, no quintal de casa. Também tem um balanço, costuma andar de bicicleta, conviver com outras crianças e a mãe Elizandra cita ainda, a construção de uma horta orgânica em casa, onde produzem alface, cenoura, moranguinhos e até maracujá. “Ela ajuda a plantar e a colher esses produtos. A gente nota que muitos pais ficam surpresos quando veem a Sofia comendo salada por exemplo, porque a gente busca ensinar isso para ela, sobre a boa alimentação e, o mais importante, é que ela faz parte desse processo de produção desses alimentos, sabe de onde vem. Isso acaba influenciando outras crianças, até mesmo na escola”, contou a mãe. Além disso, a mãe conta que ela e o marido procuram contar histórias para Sofia e ensinam a fazer orações. “A gente acredita que essa é a forma correta de educá-la, mas é bastante desafiador, a gente precisa organizar a nossa vida para que ela tenha sempre atividades para fazer, para que ela tenha à disposição essas tarefas e não seja limitada ao uso da tecnologia que já vem pronta para a gente”, finaliza.
“ A tecnologia não é um brinquedo ” A reportagem do Jornal Gazeta conversou também com a Psicopedagoga Clínica e Institucional, Rosangela Pagnussat, sobre de que maneira a mãe e o pai devem proceder quando o assunto envolve as novas tecnologias e isso passa a fazer parte da vida das famílias e especialmente das crianças. Segundo ela, desde o surgimento dessas tecnologias houve uma mudança entre a família tradicional e a da atualidade. “A modernidade, o uso do celular, da internet, do videogame, smartphone e muitos novos equipamentos de tecnologia da informação influenciam a vida das famílias e estão causando impactos no cotidiano familiar. Em muitas situações vem sendo utilizada de forma negativa e comprometendo significativamente a convivência entre pais e filhos”, afirma. Para Rosangela, as crianças e adolescentes tem vivenciado dois mundos distintos. “Aquele que todos conhecemos: o real e o mundo digital ou virtual. Porém, existe uma relação entre essas duas realidades, aonde a informação vem sempre muito rápida e imediata, por todas essas comodidades é que a realidade virtual acaba sendo mais atraente. Cabe aos pais ficarem atentos aos principais sinais de alerta sobre o uso excessivo das tecnologias”, explicou. Rosangela apontou para alguns sinais que merecem mais atenção dos pais. “Quando as crianças afastam-se da família, se isolam em seus quartos, enfrentam crises de valores com pais e professores, tem transtornos no sono e alterações de humor, hábitos sedentários, apresentam queda do rendimento escolar, atrasos cognitivos, aumento da impulsividade, desobediência, preguiça”, alerta.Psicopedagoga Rosangela Pagnussat.Segundo a psicopedagoga, algumas recomendações são viáveis quando o assunto são as novas tecnologias e os desafios que os pais enfrentam para que ela tenha uma boa utilização na vida das crianças e adolescentes. “É preciso que a tecnologia não seja oferecida como um brinquedo. Orientar o filho como utilizar o computador, o celular e todos os recursos tecnológicos com responsabilidade, não deixar o filho abusar e nem se tornar dependente, mas aprender a viver e a controlar seus hábitos, estabelecendo regras e limites. Estar presente diante do computador e outros recursos tecnológicos e ficar sempre atento a qualquer sinal de risco”, conclui.
Edson, com a filha Sofia e a mamãe Elizandra
Sandra, com o bebê Noah, Sarah (no meio), Diego com o filho Miguel no colo
Sofia aprende desde cedo sobre alimentação saudável
Psicopedagoga Rosangela Pagnussat.

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