O texto sugere que a imprensa tem medo das reações desses grupos e que a cobertura é uma obrigação para entender quem são e o que pensam esses apoiadores.
Os mais importantes fatos jornalísticos depois da eleição, são as aglomerações de gente de verde e amarelo diante dos quartéis. Mas os fatos, disseminados pelo país, são ignorados pelos grandes jornais e muito mais pelos jornais locais. A grande imprensa, e a pequena também, poderiam tentar cobri-los, já que essa é uma tarefa para veículos que se dizem de comunicação, aí incluídas as emissoras de rádio sobretudo as de características regionais.
Por que os jornais e rádios não vão até as aglomerações para ouvir as pessoas que estão ali afrontando a Constituição e a democracia? Porém, se eventualmente forem, o farão não pela verdade, mas pela publicidade de acordo com sua ideologia. Sem essa cobertura, abrem mão de sua obrigação como concessão pública. É preciso saber quem são e o que pensam os que se aglomeram.
É simplório achar que uma cobertura daria voz a golpistas e que por isso não deve ser feita. Se fosse assim, o jornalismo ficaria em casa, falando de “apedeuta” porque a ilegalidade é a marca de fatos presentes no dia a dia dos repórteres no mundo todo. Jornalistas não lidam só com gente de bom senso ou com personagens de gestos altruístas e humanistas.
Mas é razoável pensar que a imprensa não cubra as aglomerações por medo das reações. Os próprios jornais sabem que as aglomerações são resultado da postura histórica da imprensa, principalmente desde 2016. O jornalismo golpista ajudou a fomentar as ações desse pessoal.
A não-cobertura das aglomerações representa o fracasso do jornalismo e uma rendição à imposição do golpismo. A impossibilidade da cobertura que pode ser alegada pelos jornais e emissoras de rádio é a prova de que os ajuntamentos são ameaçadores e põem em risco o cotidiano da democracia. O jornalismo que entra, com todos os riscos, em cenários de guerra e em áreas dominadas pelo tráfico, não consegue frequentar os espaços controlados pelas aglomerações bolsonaristas. É a maior prova de que as reuniões diante dos quartéis não são expressões das liberdades, mas atentados contra a democracia. Não há liberdade em territórios interditados pelo extremismo e fechados ao acesso da imprensa.
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