Deputado também apontou prejuízo aos pequenos municípios com redução da renda com previdência
Especialistas dentro do próprio Governo Federal admitem que
a proposta de reforma da previdência que chegou ao Congresso penaliza, de forma
significativa, quem menos ganha e quem está em situação de miséria absoluta. O
deputado Padre Pedro Baldissera (PT) reuniu dados e, na sessão plenária desta
terça-feira (26), questionou diversos pontos do projeto, em especial da
aposentadoria rural e da situação das mulheres com a nova previdência.
“A pergunta que faço é qual reforma o Brasil deve implementar? A reforma que não ataca privilégios não é reforma. E também não é reforma um projeto que ataca brutalmente quem menos ganha. Podemos chamar de qualquer outra coisa mas não de reforma”, observou o parlamentar. Para o deputado, o projeto em discussão massacra miseráveis, trabalhadores do campo e da cidade, mas é especialmente injusta com as mulheres.
Na avaliação de Padre Pedro, as medidas acabam com a
seguridade social e não consideram a realidade dos pequenos municípios, muito
dependentes da renda das aposentadorias. A previdência rural beneficia hoje
mais de 9,5 milhões de pessoas e é um dos mecanismos mais importantes de
distribuição de renda e de redução das desigualdades, do ponto de vista
regional. “O impacto disso nos pequenos municípios será desastroso, e aqui faço
referência ao Oeste e Extremo Oeste, por exemplo, onde temos cidades cuja
economia depende do leite e da aposentadoria rural”, aponta Padre Pedro.
A Fazenda nacional produziu um relatório afirmando isso: a
aposentadoria rural impacta diretamente a economia das cidades com menos de 50
mil habitantes, onde vivem 65 milhões de brasileiros. É nelas onde está a maior
parte dos aposentados rurais: 4,7 milhões, o equivalente a 69% do total. Outra
questão importante, apontada pelo deputado, é que segundo o Boletim Estatístico
da Previdência Social, os benefícios pagos pelo INSS para os aposentados rurais
chegaram a R$ 73,6 bilhões, enquanto do meio urbano totalizaram R$ 552 bilhões,
ou seja, representam apenas 11,8% do montante dos benefícios do Regime Geral da
Previdência Social.
Outra questão apontada por Padre Pedro é que o País não está
tocando nos mais de R$ 400 bilhões não repassados pelas empresas ao INSS. A
cobrança dessa dívida pela união chegou a menos de 1% em 2018. “Se há rombo,
como afirma o governo, uma das primeiras medidas é cobrar os devedores. Quando
se trata de cobrar os pequenos e médios empresários o governo sempre é ágil;
gostaríamos que tivesse a mesma fome quando trata-se de grandes empresas com
dívidas previdenciárias”, questionou.
Os 500 maiores devedores acumulam um passivo de
aproximadamente R$ 450 bilhões, e em nenhum momento a reforma aponta medidas
para a resolução desta questão.
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