PARA COMEÇO…
Para começo de conversa, 2018 começou bem. O clima está permitindo tudo o que se poderia esperar: boas chuvas para colheita e replantio, boa safra de grãos e frutas da época, temperaturas para todos os gostos.
O noticiário, também está normal: acidentes com mortos e feridos; crimes e contravenções por todos os lados; desgraças longe daqui, graças a Deus e à proteção do Padre Aurélio. Nestes quesitos, o ano está favorável, especialmente por ser par. Detesto ímpares.
NEM TUDO SÃO FLORES
Sempre tem alguém para entornar o caldo, para dar uma martelada no cravo e outra na ferradura, para chutar uma bola fora.
E o protagonismo não poderia ser de outro. Tinha que ser de um político. Ou de vários em conjunto. O único problema é que o povo não está nem aí para esse tipo de m… que todos os dias algum dos nossos representantes vem em público anunciar que descobriu a pólvora ou salvou uma vida ministrando uma emenda parlamentar. Essas descobertas são noticiadas no interior do interior, preferencialmente onde o povo e “anarfa” e acredita em tudo o que ouve.
A MAIOR
O presidente impostor Michel Temer junto com seus puxas sacos, sancionou a Lei 13.617/2018, que atribui a Santa Teresa, no Espírito Santo, o título de Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil, o que teria acontecido em 1874..
Mal sabem ele, o deputado que propôs o projeto e todo o congresso nacional, que a primeira leva de imigrantes Italianos composta por 132 indivíduos oriundos do antigo Reino da Sardenha, hoje Itália, que aportou em solo Brasileiro, chegou em Santa Catarina, no atual município de São João Batista, fundando a Colônia Nova Itália, em 1936, portanto 38 anos antes.
Pobre Brasil, governado por essa gente.
EM NÍVEL LOCAL
Por aqui, tudo anda na mais perfeita normalidade. Para confirmar o que esta coluna sempre afirmou, todos estão na mesma canoa. A “deixa” para o PMDB assumir como prefeito, faz parte de uma estratégia de continuísmo do acordo subliminar firmado em 2016. Sinaliza também para as eleições deste ano, onde os protagonistas deverão estar novamente juntos para governar o estado de Santa Catarina a seis mãos, com a dupla Udo Döler e João Rodrigues fragorosamente nomeados e Paulo Bauer honrosamente reeleito. A Colombo, restarão as emendas, sua especialidade. Aos demais, o consolo de ter colaborado com a democracia e a expectativa de algum carguinho perdido por aí.
PESQUISA
Neste início de ano, assaltaram-me uma série de dúvidas, as mesmas que assaltam os mortais mergulhados nas agruras da sociedade dos desiguais.
O jornal Valor publicou recentemente uma pesquisa que colheu as opiniões das classes C e D a respeito do governo Temer e das intenções de voto nas eleições de 2018. As opiniões do povo populista repudiam o governo do presidente Temer. É visto como um político fraco, egoísta, corrupto, sujo e tomador de medidas impopulares.
Os populistas populares reafirmam a preferência por Lula, a despeito de referências à política e aos políticos. A inegável melhora das condições concretas de vida na era Lula empurra os cidadãos menos favorecidos para o voto no ex-presidente. As avaliações são positivas, mas mesmo simpatizantes dizem que o petista não é santo.
ESTABILISHMENT BRASILEIRO
As opiniões na pesquisa repercutem o fenômeno dos movimentos sociais nos Estados Unidos e Europa, denominado “Estabilishment”, que repudia uma elite social, econômica e política que exerce forte controle sobre o conjunto da sociedade, funcionando como base dos poderes estabelecidos. O termo se estende às instituições controladas pelas classes dominantes que decidem, ou cujos interesses influenciam fortemente as decisões políticas, econômicas, culturais e outras e controlam, no seu próprio interesse, as organizações públicas e privadas de um País, em detrimento da maioria dos eleitores, consumidores, pequenos empresários, enfim, as minorias.
Em sentido “strictu sensu” pode referir-se a um grupo de indivíduos com poder e influência sobre determinadas organizações ou campo de atividade, dizendo respeito a uma aliança entre a burguyesia urbana e grupos da autocracia rural, que concentra os meios de ação e sendo fechada para as inovações e hostil ao compartilhamento do poder com outros grupos.
O CAPITALISMO ATUAL É CAPAZ DE CUMPRIR O QUE PROMETE?
Yanis Varoufakis, economista e político, ex-ministro de finanças da Grécia, escreveu artigo certeiro sobre os desacertos das elites, o pensamento social dominante. Diz o economista grego que em ambos os lados do Atlântico, a emergência do nacionalismo estreito e reacionário tem sido investigada de todos os ângulos possíveis (psicanalítico, cultural, antropológico, estético) e sob a ótica da identidade.
Mas o único ângulo que permanece inexplorado, crucial para a compreensão do que está ocorrendo, é a incessante guerra de classes, deflagrada contra os pobres desde o fim dos anos 70.
Os dados do Federal Reserve informam que, nos Estados Unidos, mais da metade das famílias não se qualifica para obter um empréstimo de 12.825 dólares com o propósito de adquirir um automóvel. Enquanto isso, na Inglaterra, mais de 40% das famílias dependem dos recursos públicos do bank foods (banco de alimentos) para prover sua alimentação e cobrir as necessidades básicas.
Na Alemanha, depois da reforma trabalhista, o baixo desemprego convive com a generalização do trabalho precário, produzindo em massa o fenômeno dos working poors (precariedade no trabalho, salários baixos, trabalhadores pobres, ameaças permanentes, chantagens, etc.)
Em sua configuração atual, o capitalismo escancara a incapacidade de entregar o que promete aos cidadãos. A exclusão manifesta-se no desemprego dos jovens, no desemprego estrutural promovido pela transformação tecnológica e pela migração da manufatura para as regiões de baixos salários.
Os cidadãos brasileiros das classes C e D compreendem à sua moda as contraposições que os bacanas não entendem, aprisionados no mundo das ideias, imutável, eterno e real, em oposição ao Mundo Sensível, em que os objetos são passageiros.
Então, é rezar, já que o futuro a Deus pertence, como dizem.
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