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PREMATURIDADE E INTEGRAÇÃO SENSORIAL

Última atualização: 2019/11/22 2:15:35


Graziele Aparecida Durão

CREFITO10 -12315/TO

Terapeuta Ocupacional

Os recém-nascidos pré-termo, além de biologicamente vulneráveis, são privados das sensações naturais do ambiente intra-uterino e necessitam de períodos prolongados de internação na UTI Neonatal, onde a experiência sensorial conflita com suas necessidades.

O sistema sensorial básico organiza as sensações vindas do corpo (internas) e do ambiente (externas). Existem quatro componentes principais do processamento sensorial: recepção dos estímulos (equilíbrio, tato, audição, paladar, visão e percepção posicional), modulação dessas sensações, integração entre os diferentes estímulos e organização das sensações.

Logo, todos os quatro componentes precisam estar funcionando corretamente e nesta ordem para que possamos interpretar corretamente o ambiente ao nosso redor e formar respostas apropriadas a ele.

Estudos revelam que crianças nascidas prematuramente apresentam respostas diferenciadas a estímulos sensoriais e podem exibir alterações no processamento sensorial. Essas diferenças podem ser explicadas por dois fatores, que parecem interagir: o efeito acumulativo de complicações médicas associadas ao nascimento prematuro (leucoencefalomalacia periventricular, hemorragia intraventricular grave, sepse, baixo crescimento, displasia broncopulmonar e uso de esteroides pós natais) e as experiências sensoriais no ambiente da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) nos estágios iniciais do desenvolvimento. 

Além disso, os estímulos ambientais do feto e da criança após o nascimento, incluindo a experiência de som, voz, toque, movimento, cheiro e visão, são de importância fundamental para o desenvolvimento adequado dos sistemas sensoriais. Embora nem todas essas experiências tenham papel relevante no estabelecimento dos padrões iniciais de conectividade dos sistemas sensoriais, elas contribuem para o aperfeiçoamento e a manutenção de conexões apropriadas no cérebro em desenvolvimento.

As capacidades sensoriais do feto e o contexto de desenvolvimento no útero limitam e regulam de forma eficaz a quantidade, o tipo e o tempo de estimulação sensorial disponível durante o período pré-natal. Esse padrão de estimulação sensorial é profundamente alterado pelo nascimento pré-termo, com alterações significativas nos padrões normais de estimulação tátil, vestibular, proprioceptiva, olfativa, auditiva e visual. Por exemplo, o recém-nascido pré-termo, na UTIN, recebe quantidades menores de estimulação tátil–vestibular decorrentes do movimento materno, mas há aumento substancial na quantidade de outros tipos de estimulação não presentes no ambiente intrauterino (luzes brilhantes, níveis sonoros elevados, manipulação excessiva e frequentes intervenções dolorosas). Tal realidade pode ter efeitos duradouros sobre o cérebro em desenvolvimento e interferir na maturação natural dos sistemas sensoriais.

Sendo assim, as crianças que possuem um atraso no desenvolvimento sensorial podem passar por:

• Choro e agitação excessiva;

• Dificuldade de auto-consolo;

• Atraso na fala;

• Problemas de sono e aceitação de alimentos;

• Exacerbação da ansiedade de separação dos pais;

• Timidez persistente e exagerada com estranhos;

• Intolerância a mudanças;

• Falta de interesse e indiferença na interação social;

• Hipersensibilidade tátil ou dispersão severa;

• Problemas com a escrita e a leitura;

• Problemas no equilíbrio, na coordenação motora grossa e fina, e no planejamento motor;

• Déficit de atenção, dificuldades emocionais e pouca interação com os colegas.

A intervenção para Transtorno do Processamento Sensorial na prematuridade  pela Terapia Ocupacional tem por objetivo desafiar a criança de uma forma divertida e lúdica, para que ela possa aprender a reagir apropriadamente aos estímulos e a se adaptar mais normalmente.

Relato real de uma mãe de prematuro


A Helena foi muito desejada nós com duas semana de gestação deu um negativo no exame de sangue de tão pequenininha que ela era… mas a gente percebeu que ela estava vindo e logo depois deu positivo ela já estava na minha barriga. Ela foi extremamente desejada pela família inteira… primeira neta, primeira sobrinha, primeira afilhada e primeira filha. A minha gravidez foi muito boa trabalhei todos os dias nunca tirei um atestado nunca tive problema nenhum… Ela vinha crescendo devagar mas ela vinha crescendo até então não tinha problemas, fizemos todos os exames que poderiam ser feitos fora, pedimos para o médico se estava tudo ok… Em uma consulta de rotina então acabei levando um susto o doutor achou que ela não estava crescendo bem… fez um Doppler que realmente nos mostrou que ela estava com restrições no crescimento, estava iniciando um sofrimento fetal … O médico me internou e começou a me dar corticoide ficamos três dias fazendo corticoide e monitorando até que recebi a notícia que eu teria que ir para Xanxerê de SAMU… Quando ele me falou que era de SAMU até então eu não tinha entendido direito depois eu vi que o negócio era sério e que já tinha vaga de UTI  esperando lá… Esperando minha filha no caso… Cheguei lá e a doutora falou: cada dia na barriga uma semana menos na UTI… Estávamos lutando por horas, por dias a mais na barriga para ficar menos tempo na UTI … pois a gente sabia que ela não iria ficar mais um longo período… infelizmente nossa alegria durou só um dia… E e a Helena nasceu com 1,180 kg e 30 centímetros… E uma vontade enorme e inexplicável de viver… Foram 43 dias na UTI de muitos altos e alguns baixos…  Ela vinha ganhando peso bem e do nada ela não ganhava, ela perdia muito peso, e a gente ficava sem chão não víamos a  luz no fim do túnel… Eu  tirava leite todos os dias de três em 3 horas para poder oferecer a ela, pela sonda, pois ela não estava recebendo pela boca… Peguei ela 17 dias depois que ela nasceu, o Bruno (marido) pegou ela pela primeira vez 25 dias depois que ela nasceu… Isso é muito duro…uma mãe ver seu filho e não poder encostar, não poder pegar, acariciar… Sendo que a criança precisa disso… Como ela era prematura extrema ela não poderia pois causaria risco… Quando podia ser feito o método canguru foi feito… Eu tento pensar nas coisas boas que tudo isso me trouxe, como eu trabalho na área da saúde eu acho que já tinha empatia pelas mães hoje em dia eu tenho muito mais… Eu senti na pele o que elas sentem sofri na pele o que elas sofrem… Mas a gente precisa tirar só as coisas boas, que graças a Deus eu nunca pensei que seria diferente… Eu nunca imaginei que ela não iria sobreviver… Eu tinha certeza que Helena estaria com nós… Só não sabia quanto tempo isso iria durar lá na UTI… Mas eu sabia que nada iria me tirar ela, fiquei muito feliz em saber que ela estava bem e que tudo estava bem também… E hoje em dia ela está cada dia melhor completou 2 anos… Fez fisioterapia, faz fono e é uma menina super saudável… E uma menina querida, meiga, muito amorosa… Que vive na bolha dos pais é claro hehehe… Como a gente sofreu e teve medo de perdê-la acabamos mimando um pouco mais do que o normal… Hoje ela está muito bem, e Eu sempre digo que nunca foi sorte sempre foi Deus… Sempre me apeguei muito a Deus e tenho certeza que não seria diferente pois Deus sempre foi muito bom comigo… Eu sempre confiei nele.. (Relato real de uma mãe) Bruna Ghissi, papai Bruno Ghissi e a pequena grande Helena.

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