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QUANDO A PAIXÃO ACABA

Última atualização: 2019/05/03 2:34:46

O que é que acontece às relações quando a paixão acaba? Porque é que é tão difícil manter uma relação feliz e duradoura? O que é que podemos fazer para manter viva a chama da relação?

A paixão acaba mesmo?

É verdade. A paixão e o conjunto de alterações que a acompanham duram, no máximo, dois anos. Se, por um lado, temos pena de deixarmos de olhar para a pessoa que escolhemos num estado de euforia quase permanente, a verdade é que seria muito difícil viver sempre nesse estado. … A paixão é uma espécie de “demência”, já que algumas das alterações que acontecem no nosso cérebro fazem com que atuemos de forma mais impulsiva, menos ponderada. É uma “demência” boa que, na prática, faz com que corramos mais riscos e estejamos muito menos atentos ao resto dos nossos papéis.

O que é que acontece às relações quando a paixão acaba?

Quando a paixão acaba, algumas relações acabam também. Nem todas as pessoas têm maturidade (ou vontade) para construir uma relação de compromisso, pelo que, quando a ativação fisiológica desaparece, é mais fácil terminar a relação e tentar partir para outra. Mas a maior parte de nós reconhece que a vida é muito mais feliz numa relação em que nos sintamos genuinamente seguros, vivos, amparados e felizes. A maior parte das pessoas que conheço (dentro e fora do consultório) ambicionam construir uma relação feliz e duradoura – uma relação que as faça sentir “em casa” e, ao mesmo tempo, traga a alegria e o entusiasmo da novidade. 

Claro que, à medida que o tempo avança e que as borboletas na barriga dão lugar a um estado muito mais sereno também nos damos conta de que a pessoa que está ao nosso lado, por mais fantástica que seja, também tem defeitos, também erra, também nos irrita e também nos magoa. Reparamos que não é perfeita e que não está sempre, sempre “lá” como idealizámos. Nem nós, para dizer a verdade.

Quando uma relação evolui de forma saudável, deixamos de olhar para a pessoa que amamos como o centro do (nosso) mundo e damo-nos conta de que, ainda que ele(a) continue a ser a nossa prioridade, há outras relações em que queremos continuar a investir, há sonhos individuais que queremos cumprir, há vida para além da relação. E está tudo bem.

Porque é que é tão difícil manter um casamento/ uma relação?

Cada relação é única e especial. Cada história tem os seus desafios. Mas a resposta a esta pergunta é relativamente simples:

Aquilo que o nosso cérebro nos “obriga” a fazer quando estamos apaixonados é muito mais difícil de fazer quando a paixão acaba: tratar a pessoa que está ao nosso lado como especial, estar mesmo “lá” para ela quando precisa de nós, incentivá-la a lutar pelos seus sonhos, mesmo quando eles a afastam de nós, prestar-lhe muita atenção e responder com afeto aos seus apelos.

O mundo está cheio de boas intenções, mas a verdade é que a maior parte de nós sente-se como um malabarista, com vários pratos no ar, a dar o seu melhor para que nenhum caia ao chão…

Por Cláudia Morais

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