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RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

Última atualização: 2018/06/08 9:55:06

Neste espaço já foram abordados temas “sem vergonha” e/ou sarcásticos, mas sempre trazendo consigo uma cunha de verdades. Embora doloridas, devem ser escancaradas, para que os leitores destas “mal traçadas linhas”, como diriam os redatores de antigamente, possam entender que ainda há quem perceba e comente o descalabro em que está metida a sociedade civil brasileira. 

O descalabro a que me refiro tem lá suas origens: vem desde o descobrimento, quando Pero Vaz de Caminha pediu a Sua Majestade “El Rey”, um pequeno favor posteriormente chamado propina, por ter escrito a carta revelando a descoberta do território. De lá para cá, uma sucessão de fatos fez crescer a prática do achaque, deixando as faces dos poucos remanescentes da honestidade, ruborizadas. 

A identificação das origens do descalabro, em verdade, vem prestando um desserviço à Nação Brasileira em decomposição, pois ao invés de coibir as práticas, indica novos caminhos para a continuidade. Baseados na criatividade e no poder de adaptação dos ladrões de plantão, o bloqueio de um túnel da ladroeira acaba por indicar o caminho por onde deve ser cavado um novo, a fim de continuar drenando os dinheiros públicos extraídos dos bolsos furados dos pagadores de impostos. Não é necessário acrescentar nada a esta observação, pois todos sabem que os pagadores de impostos são o povo mais pobre. Os ricos que só os arrecadam e sonegam e o governo que os distribui entre os abonados, sob o manto da justiça social e controle implacável do ridículo “impostômetro”. 

ESTRATÉGIAS

O “estratagema” (como diria o glorioso Luiz Felipe Scolari, popular Felipão) para o descalabro na Nação Brasileira, vem sendo cuidadosamente implantado e desenvolvido por uma curiola, parte já morta e parte condenada à morte, que age na calada da noite em prol do descalabro. 

“Entre parênteses …(…)… devo dizer que já abordei subliminarmente o assunto da ressurreição dos mortos, quando fiz referência à obra “Incidente em Antares” do saudoso Érico Veríssimo”.

OS MORTOS VIVOS DA LAVA JATO

No caso em tratamento (estratégias para o descalabro), um grupo de mortos vivos (os presos da Lava Jato) vaga pela Pátria Brasileira distribuindo denúncias e entregando beneficiários das propinas, com um único objetivo: promover uma política de terra arrasada e destruir o pouco de dignidade e patriotismo que ainda resta nas escassas pessoas de bem. 

Tal ação tem como objetivo guindar ao poder uma das personagens mais hostis que se apresentam até hoje, e que diz consertar o País calçando coturnos e à custa de baionetas e cassetetes. Paralelamente, os mortos vivos atuam numa chicana pedindo intervenção militar, o que, segundo o planejado, encurtaria o caminho para o poder, colocando militares sem a necessidade de eleição do Bolsonaro. Mas, nem tudo são flores. 

OS MORTOS VIVOS DE 1964

Por outro lado, os espectros de 1964 entraram em cena no “Incidente em Antares”, pois o sabido está cada vez mais documentado. Era certo que quando os documentos sigilosos dos Estados Unidos sobre a ditadura brasileira viessem à tona o regime dos militares ficaria nu em praça pública. A corrupção correu solta durante os 25 anos da democracia fardada com suas eleições presidenciais de mentirinha e suas manipulações de verdade para garantir os interesses de poucos e o silêncio de muitos. A imagem do ditador Ernesto Geisel já era. 

Um telegrama secreto de 1984 remetido pelos espiões estadunidenses disfarçados de burocratas, revela a corrupção nos tempos de João Figueiredo e enfia o todo-poderoso Delfim Neto na lama. Delfim Neto é citado como coletor de propina na condição de embaixador em Paris. 

O texto expunha as entranhas da brasilidade de coturno e dizia que entre muitos oficiais há uma forte crença que os últimos 20 anos no poder corromperam os militares. Agora é hora de deixar a política e suas intempéries e voltar a ser soldado. A ditadura é uma chaga que só os simplórios defendem.

Havia nepotismo, propina e favorecimento ilícito a amigos da casa. O historiador Carlos Fico já havia tratado disso com solidez em “Como eles agiam”. Nada, porém, como uma enxurrada de dados liberada pelos aliados de golpe para afogar narrativas ingênuas ou maliciosas. Na ditadura, roubou-se como sempre e enganou-se como nunca. 

Delfim Neto foi acusado de praticar um esporte nacional: intermediar negócios entre bancos privados e estatais brasileiras.

A operação para abafar a corrupção aconteceu também nos governos dos ditadores gaúchos Médici e Geisel. Documentos vindos da Inglaterra entregam o jogo. Os britânicos queriam ajudar o Brasil a pegar gatunos. A ditadura optou pela “discrição”. Era o caso de superfaturamento numa compra de fragatas.

OS MORTOS VIVOS DA ATUALIDADE

Há um legião de mortos vivos vagando pelas ruas. O elenco da história “Incidente em Antares” está completo e os batedores de panelas e vestidos de verde e amarelo, antes de sua morte conhecidos como “coxinhas”, já não sabem onde se apresentar. 

Tentaram usar como palco a greve dos caminhoneiros, sem resultado, pois a Rede Globo não lhe dispensou a cobertura esperada. Também não foram aceitos na Parada Gay, porque as panelas não estão na cozinha dos LGBTs. Estão em outros compartimentos… 

Estão preparando-se para não vestir verde e amarelo durante a copa do mundo, mas o resto do mundo que também participa da copa, não tem nada com isso, muito menos com o Brasil. Os coitados dos ex-coxinhas não tem como ir à Rússia, porque lá as panelas estão proibidas pela democracia e a mídia vai transmitir os jogos. Não vai transmitir manifestações idiotas. Assim, só resta aos ex-coxinhas, enrolar a bandeira e hastear… o mastro. 


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