Coordenada pelo deputado Marcos Vieira (PSDB), Frente Parlamentar quer somar forças com lideranças políticas e empresariais de Santa Catarina, da Argentina e do Paraguai
Tema considerado importante para o crescimento do
agronegócio catarinense, a chamada Rota do Milho recebeu na manhã desta
segunda-feira (11) o apoio formal da Assembleia Legislativa de Santa Catarina,
por meio do lançamento de uma frente parlamentar específica para cuidar do
tema.
A construção de uma alternativa para atender a elevada
demanda do mercado catarinense por milho é o foco da Frente Parlamentar em
Favor da Rota do Milho, coordenada pelo deputado Marcos Vieira (PSDB) e que
conta com o apoio de 35 outros deputados estaduais. O lançamento oficial do
órgão aconteceu em meio ao 1º Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras,
realizado entre os dias 11 e 12 no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo
de Nes, em Chapecó.
A proposta, conforme Marcos Vieira, é que a frente articule
as ações necessárias para viabilizar a importação de milho do Paraguai, via
Dionísio Cerqueira, em um trajeto muito mais curto do que os atualmente
utilizados para buscar o produto nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e Goiás, ou mesmo do Paraguai – porém entrando no Brasil via Foz do Iguaçu
(PR).
Atualmente, Santa Catarina registra um déficit anual que
pode chegar a até 3,5 milhões de toneladas do grão, sobretudo devido a sua
utilização para a alimentação de aves, suínos e, mais recentemente, do gado
leiteiro. Diante disto, o parlamentar estima que a medida possibilitaria ganhos
de competitividade às agroindústrias catarinenses, evitando que, no pior
cenário projetado, elas se vejam obrigadas a migrar para outros estados em
função dos custos do milho. “Será possível economizar de R$ 2 a R$ 5 por
saca de milho em custos de transporte. Parece pouco, mas em uma cadeia
produtiva tão grande, isso pode gerar milhões de economia em frete por ano. Por
isso essa tratativa da rota do milho é extremamente importante também para o
futuro do agronegócio aqui em Santa Catarina”, explicou Marcos Vieira.
Participação parlamentar
Nas próximas etapas dessa integração pela rota do milho, o
deputado Marcos Vieira também propôs durante o evento a criação de uma Frente
Parlamentar Transfronteiriça, reunindo lideranças políticas de Santa Catarina,
da província argentina de Misiones, e dos departamentos paraguaios de Itapua e
Alto Paraná. “É um passo importante para essa integração dos três países
ocorrer de forma efetiva. Hoje, já temos a atuação de lideranças empresariais e
prefeitos através do Bripaem, então a ideia é somar forças dos deputados
catarinenses, de Misiones e de Itapua e Alto Paraná, e assim destravarmos
algumas barreiras para a rota virar realidade, como a questão das estradas no
Paraguai, que estão sendo asfaltadas, a burocracia e a infraestrutura para a
passagem pelo território argentino e, em Santa Catarina, a questão da aduana de
Dionísio Cerqueira e a melhoria de rodovias importantes como as BRs 163 e
282”, destacou o deputado Marcos Vieira, que ainda acrescentou:
“Quando estiver ativa, esta Rota do Milho vai acrescentar mais de 4 mil
carretas entrando no Brasil via aduana de Dionísio Cerqueira. Precisamos prover
esta infraestrutura para que toda a região da faixa de fronteira possa viver um
ciclo de desenvolvimento com esta economia paralela que irá se formar em torno
da Rota do Milho”.
A Frente Parlamentar
Presidida e coordenada pelo deputado Marcos Vieira, também
integram a Frente Parlamentar em Favor da Nova Rota do Milho os deputados
Altair Silva (PP), Marlene Fengler (PSD), Neodi Saretta (PT), Fabiano da Luz
(PT), Jair Miotto (PSC), Luciane Carminatti (PT), Mauricio Eskudlark (PL),
Mauro de Nadal (MDB), Moacir Sopelsa (MDB), Nilso Berlanda (PL), Padre Pedro
Baldissera (PT), Valdir Cobalchini (MDB), Ada de Luca (MDB), Ana Campagnolo
(PSL), Paulinha (PDT), Bruno Souza (Novo), Sargento Lima (PSL), Felipe Estevão
(PSL), Fernando Krelling (MDB), Ismael dos Santos (PSD), Ivan Naatz (PV), Jerry
Comper (MDB), Jessé Lopes (PSL), José Milton Scheffer (PP), Julio Garcia (PSD),
Laércio Schuster (PSB), Luiz Fernando Vampiro (MDB), Marcius Machado (PL),
Nazareno Martins (PSB), Coronel Mocellin (PSL), Rodrigo Minotto (PDT), Romildo
Titon (MDB), Sergio Motta (Republicanos), Dr. Vicente Caropreso (PSDB) e Volnei
Weber (MDB).
Lideranças manifestam apoio
Diversas outras lideranças políticas e empresariais reunidas
para o 1º Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras também manifestaram otimismo
com relação à abertura da importação do milho paraguaio via Dionísio Cerqueira.
Para o prefeito de Chapecó, Luciano Bulignon, que também
atua como presidente do Bloco Regional de Intendentes, Prefeitos, Alcaides e
Empresários do Mercosul (Bripaem), a iniciativa deve favorecer a aproximação
econômica e cultural dos povos dos países envolvidos. “Nossa intenção não
é só que o Paraguai e a Argentina possam nos atender na questão do milho, algo
fundamental para a consolidação do nosso modelo produtivo, mas também criar uma
cultura de integração transfronteiriça. Fazer com que a língua e outros
aspectos culturais não sejam mais obstáculos para a nossa integração.”
O presidente da Cooperativa Central Aurora de Alimentos,
Mário Lanznaster, previu melhores condições para a manutenção da atividade
agroindustrial no estado. “Muitas empresas já estão abandonando Santa
Catarina por conta dos altos custos com o transporte do milho, então se surge
uma outra alternativa para se abastecer o estado com o produto, será excelente
para todos nós.”
Já Vicenzo Mastrogiacomo, que preside o Fórum de
Competitividade do Oeste, entidade mantida pela Federação das Indústrias do
Estado de Santa Catarina (Fiesc), afirmou que os benefícios decorrentes da
importação do milho paraguaio devem se estender a toda a cadeia produtiva
envolvida na produção de proteína animal. “Esse barateamento do transporte
não vai beneficiar só as grandes indústrias, mas também os pequenos produtores
que temos aqui na região e que se dedicam a suinocultura e avicultura, por isso
a sua grande importância.”
Os gargalos para a implementação
Tendo em vista a produção do Paraguai, cuja projeção para os
próximos anos é de atingir 16 milhões de toneladas anuais, o planejamento é
trazer o grão dos departamentos Itapua e Alto Paraná, até a aduana localizada
no município catarinense de Dionísio Cerqueira. O trajeto, de 420 quilômetros,
atravessaria um trecho localizado na Argentina, que já teria emitido
autorização para tal.
De acordo com o deputado Marcos Vieira, o início da operação
ainda esbarra, entretanto, em problemas como a infraestrutura deficitária no
lado paraguaio para embarcar o produto, e também na falta de pessoal para
emitir as liberações sanitárias e fiscais na aduana de Dionísio Cerqueira.
No que diz respeito à área de atuação do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Túlio Tavares, que atua como
superintendente do órgão no Estado, afirmou que a solicitação pelo aumento do
efetivo técnico na aduana ainda vai ser objeto de estudo. “Podemos
agilizar, colocar mais pessoal se for necessário, mas ainda temos que verificar
se esse é um ponto de estrangulamento ou não”.
Também presente ao evento, a vice-governadora de Santa
Catarina, Daniela Reinert, afirmou que o Executivo estadual está atento e já
promoveu duas reuniões para dar andamento a estas questões. “No que
compete ao Estado, estamos fazendo o possível para agregar ao trabalho que esse
grupo já está fazendo há tanto tempo. Estamos cuidando principalmente da parte
burocrática, do desembaraço aduaneiro com a Receita Federal, e da sanidade e da
logística com o Ministério da Agricultura para que essa nova rota do milho
possa se concretizar e operacionalizar”.
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