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Setor da construção está aquecido mesmo diante da pandemia

Vice-presidente regional da FIESC, engenheiro civil e empresário da Construção Civil, Astôr Kist, fala do momento do setor. Segundo ele, taxas de juros baixas e segurança do mercado imobiliário impulsionam o momento favorável da Construção Civil

Última atualização: 2020/12/15 2:10:02


A construção civil tem sido um importante propulsor para a economia brasileira nos últimos anos. Mas em 2020, ano que ficará marcado pelo enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus e onde, além do isolamento social, muitos setores da economia foram impactados negativamente, qual o momento do setor? Conversamos com o vice-presidente regional da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), engenheiro civil e empresário da construção civil, Astôr Kist, que falou sobre o atual cenário do setor, segundo ele, positivo.

Segundo Kist, a pandemia é um fator impactante, mas o momento favorável pode ser atribuído às baixas taxas de juros e a segurança em investir no mercado de imóveis. “Quando a taxa de juros está baixa e não há interesse do especulador em aplicar no mercado financeiro, o que sobra de bom para investimento?  O mercado imobiliário! Nesse momento em que a taxa Selic chega a 2% ao ano, o investidor ganha muito mais comprando um apartamento, um terreno ou um imóvel qualquer na praia, por exemplo, do que aplicando no mercado financeiro. Hoje, no mercado financeiro, ele vai ganhar no máximo 6% a 7% ao ano, se tiver sorte e for muito expert pode ganhar até 10% ao ano, enquanto que no mercado da construção provavelmente ele vai ganhar muito mais”, afirma.

FALTA DE INSUMOS

Por outro lado, a pandemia trouxe reflexos negativos como a falta de materiais. “Isso já é consequência do aquecimento do setor, se está faltando aço no mercado, é porque se está consumindo mais do que está sendo produzido. Se está faltando alumínio, fio, cimento e outros insumos, é porque a demanda está alta. Claro que na pandemia o setor industrial teve dificuldades, as usinas não conseguiram fabricar aço no mesmo volume que fabricavam anteriormente, a cimenteiras tiveram que reduzir o seu efetivo e não conseguiram produzir no mesmo volume que estavam produzindo, da mesma forma outros setores da econimia. De todo modo, o fato em si de faltar insumos já uma consequência da alta demanda”, argumenta. 

E PARA O FUTURO?

Se o momento atual é de mercado aquecido para a Construção Civil, o que podemos esperar do próximo ano, qual o futuro do setor? Para o empresário, o cenário deve permanecer positivo, pelo menos para os próximos dois anos. “Especificamente a construção civil, em 2021 e 2022, pode continuar contando com um clima altamente favorável. Eu digo isso porque a taxa básica de juros atual está a 2% ao ano, até final de 2021 ela deverá chegar quem sabe a 3,5% ou 4%, deverá com certeza subir um pouco e em 2022 possivelmente atinja números maiores. Mas, considerando a nossa história recente, isso ainda é altamente favorável para o setor da construção e para o setor imobiliário de forma geral. Como empresário da construção e integrante do sistema FIESC, bem como pelos comentários que tenho escutado, eu acredito que a construção vai continuar nesses dois próximos anos, e talvez até mais, com um cenário bem positivo”, analisa.

FALTA DE MÃO DE OBRA

Um dos principais problemas enfrentados pela construção civil tem sido a falta de mão de obra qualificada. Segundo Kist, isso se deve à mudança de comportamento dos jovens. “O que está acontecendo na construção é que está havendo pouca renovação, temos pessoas completando idade para aposentadoria e a juventude infelizmente não está interessada neste tipo de serviço. O jovem não quer mais fazer o trabalho braçal, não quer mais se expor ao sol, ao frio, à chuva, não quer enfrentar tarefas que necessitam de grande esforço físico. Então, não só na construção civil, mas também em todos os setores da economia onde se requer a mão de obra braçal, nós vamos ter uma dificuldade daqui pra frente”, prevê.

Entretanto, o empresário acredita que o próprio mercado deve solucionar esse problema. “Nesse sentido, o que o setor deve e vai começar a fazer daqui para frente é a pré-fabricação. Cada vez mais teremos a aplicação dos pré-fabricados, tanto de aço, de concreto, paredes de gesso acantonado, pisos mais rápidos e uma série de coisas diferentes que facilitem a execução do trabalho por parte da mão de obra”, destaca.

Conforme Kist, esta mudança pode também trazer benefícios para o setor. “Nós teremos construções cada vez mais rápidas, essa será uma condição imposta por um lado pelo novo perfil da mão de obra e também pelo próprio setor, que reagindo a isso vai criando alternativas”, conclui.


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