Supercomputador revoluciona previsão do tempo no Brasil

O Brasil deu um passo decisivo na modernização da previsão meteorológica com a chegada de um novo supercomputador, instalado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), em Cachoeira Paulista (SP). A máquina, adquirida em 2024 com investimento de R$ 200 milhões, promete oferecer um nível de precisão sem precedentes, capaz de indicar não apenas se vai chover em uma cidade, mas em quais bairros e até em qual momento o fenômeno deve ocorrer.

O equipamento substitui o Tupã, em operação desde 2010 e já considerado obsoleto, cujo desempenho vinha preocupando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) devido ao risco de apagão meteorológico. O novo sistema garante processamento seis vezes mais rápido e armazenamento 24 vezes maior, reduzindo o tempo de geração das previsões de até três horas para apenas alguns minutos. Isso permitirá atualizar os modelos a cada seis horas, aproximando as informações da realidade em tempo quase real.

Além de aprimorar a rotina de previsão diária, o supercomputador terá papel crucial na prevenção de desastres naturais, ao possibilitar alertas mais detalhados sobre chuvas intensas, enchentes e deslizamentos. Em 2023, por exemplo, o temporal que deixou dezenas de mortos em São Sebastião havia sido previsto com dois dias de antecedência, mas a falta de precisão sobre as áreas mais afetadas comprometeu a resposta. A expectativa é que a nova tecnologia permita salvar vidas em situações semelhantes.

Os impactos também se estendem à economia. Setores como agropecuária, energia e saúde pública deverão se beneficiar da maior confiabilidade nos dados. O sistema auxiliará na definição de estratégias de plantio, no gerenciamento de reservatórios hidrelétricos, no monitoramento de queimadas e até na projeção de cenários de mudanças climáticas.

A previsão é que o novo supercomputador entre em operação plena em dezembro deste ano. Para sustentar sua estrutura, instalada em um dos maiores datacenters do país, o governo federal prevê ainda a implantação de um centro de energia solar a partir de 2026, reduzindo o alto consumo de eletricidade do equipamento.

Com essa atualização, o Brasil reforça sua capacidade de monitorar fenômenos meteorológicos e climáticos em um contexto de eventos extremos cada vez mais frequentes, colocando o país em um novo patamar tecnológico para lidar com os desafios ambientais das próximas décadas.