Ex-presidente se apresentou voluntariamente após habeas corpus ser derrubado na quarta-feira
O ex-presidente Michel
Temer se apresentou à Polícia Federal de São Paulo nesta quinta (9), após ter
seu habeas corpus revogado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Ele se
entregou por volta de 15h, antes do prazo imposto pela juíza Carolina
Figueiredo, da 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, responsável por executar a
decisão do tribunal.
A Justiça Federal do
Rio de Janeiro expediu no início da tarde desta quinta-feira (9) a ordem de
prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB), após o TRF-2 (Tribunal Regional
Federal) decidir na quarta-feira (8) pela suspensão do habeas corpus concedido
a ele liminarmente em março.
Temer saiu de sua casa
às 14h40, em um carro preto, e seguiria em direção à superintendência da
Polícia Federal para se apresentar. O ex-presidente não falou com jornalistas.
Algumas pessoas na rua gritaram: “pega, ladrão”.
A ordem de prisão foi
assinada pela juíza Caroline Figueiredo, substituta do juiz Marcelo Bretas na
7ª Vara Criminal. Ela decidiu que Temer tem até as 17h para se apresentar
“espontaneamente à Autoridade Policial Federal mais próxima dos seus
domicílios”. No entanto, ela não decidiu se ele ficará preso no Rio ou em
São Paulo, como quer a defesa.
“Quanto aos
pedidos de permanência na cidade de São Paulo, à luz do que dispõe o artigo 103
da Lei de Execução Penal -permanência do preso em local próximo ao seu meio
social e familiar- expeça-se ofício à 1ª Turma Especializada do Eg. Tribunal
Regional Federal da 2ª Região consultando acerca da possibilidade de mantê-los
custodiados no Estado de São Paulo, local de sua residência, tendo em vista os
gastos com seu deslocamento, bem como que já foram interrogados pela Autoridade
Policial quando de sua primeira prisão.”
Até o início da tarde
desta quinta, Temer estava em sua casa, em bairro nobre da zona oeste de São
Paulo, aguardando a decisão. A Justiça também expediu a ordem de prisão do
coronel reformado da PM João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente e
suspeito de ser seu operador financeiro.
Segundo a juíza, Temer
deve ficar preso numa sede da Polícia Federal. Lima, que é PM reformado, irá
para uma unidade prisional da Polícia Militar.
Na decisão, a juíza
Figueiredo sublinha que ao cumprir a prisão de Temer, algemas só devem ser
usadas em caso previsto por súmula do STF (Supremo Tribunal Federal), que cita
resistência ou “fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia”.
Nesta quarta-feira,
por 2 votos a 1, a Primeira Turma Especializada do TRF-2 decidiu que Temer deve
voltar à prisão. Em março, o emedebista chegou a ficar detido por quatro dias,
após Bretas autorizar sua prisão preventiva.
Em nota, o MDB afirmou
que “considera um despropósito o pedido de prisão determinado ao
presidente Michel Temer sob o argumento de que ele representa um perigo à ordem
pública”.
“O MDB continua
acreditando na Justiça brasileira e espera que os excessos sejam contidos e que
a verdade prevaleça nos andamentos das investigações.”
Na noite desta quarta,
Temer afirmou que sua defesa pedirá habeas corpus ao STJ (Superior Tribunal de
Justiça).”Pra mim foi uma surpresa desagradável, mas amanhã [quinta] eu me
apresento voluntariamente”, afirmou o ex-presidente.
O ex-presidente foi
preso pela primeira vez na manhã de 21 de março, por determinação do juiz
federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, em um desdobramento da Lava
Jato que também prendeu o ex-ministro Moreira Franco.
Segundo o Ministério
Público Federal, Temer lidera uma organização criminosa que atuava há 40 anos.
Foi o segundo presidente a ser preso após investigação na esfera penal -o
primeiro foi Luiz Inácio Lula da Silva, em abril de 2018.
Bretas, ao determinar
a prisão na época, alegou risco de destruição de provas e à garantia da ordem
pública. No dia 25, o juiz federal Antonio Ivan Athié, do TRF-2, concedeu
habeas corpus a Temer e a Moreira Franco. A decisão foi julgada em colegiado
nesta quarta, e o magistrado perdeu por 2 votos a 1.
Athié releu a decisão
tomada anteriormente e reforçou que avalia não haver contemporaneidade dos
fatos que justifique as prisões preventivas. A Turma decidiu, ainda, pela
manutenção do habeas corpus concedido a Moreira Franco e pela retomada da
prisão do coronel Lima.
Abel Gomes, presidente
da Turma, negou o habeas corpus para Temer e para o coronel Lima e autorizou
para Moreira Franco. Ele entendeu que as razões para as prisões preventivas dos
dois primeiros foram bem fundamentadas.
O juiz federal Paulo
Espírito Santo também votou pela retomada da prisão de Temer e do coronel Lima.
Ele foi o único dos três juízes que votou contra a concessão de habeas corpus a
Moreira Franco.
deixe seu comentário