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TERCEIRO MUNDO

Última atualização: 2018/08/09 3:52:21

Um dos recentes escritos desta coluna, traçou um paralelo entre os tempos idos da ditadura, que os saudosistas insistem em chamar de “período dos militares”, e a normalidade institucional o que seria mais aceitável. O caminho para desenvolver o raciocínio, foi o futebol, esporte mais popular no Brasil, e a vinculação das conquistas e fracassos ao momento político da época.

Considerando que esta coluna desenvolve um trabalho intuitivo, isto é, não científico e tampouco de jornalismo investigativo, baseado na intuição e no sentimento opinativo de cidadania, não tem a pretensão de provocar nos leitores a unanimidade. 

Sendo assim, como consta naquela matéria, segundo a opinião deste articulista, a Copa do Mundo de 1970 foi ganha sob a mira de mosquetes, rufar de tambores e batidas de borzeguins. Embora tenha torcido veementemente pela vitória, este sentimento me acompanha há bons quase cinquenta anos. Naquela época (1970) o Brasil vivia um momento conturbado politicamente, o que viria a refletir na seguinte copa do mundo, como todos sabem. 

DESIGUALDADE NOS IGUAIS

Um articulista de ocasião (desses que só aparecem com seus escritos, esporadicamente, quando necessário, para preencher um espaço vago em algum jornal), compareceu há poucas semanas num semanário local, sustentando que as copas do mundo não sofrem qualquer influência política. Fez um extenso arrazoado, estudando os resultados obtidos pela Seleção Brasileira desde 1958 até os dias atuais, e comparando-os com os respectivos momentos políticos.

Não se deve menosprezar a capacidade de memória do articulista, pois compareceu ao jornal com riqueza de detalhes, mas nenhum que fizesse menção ao momento político vivido na época. Muito menos referiu-se ao ambiente que cercou jogadores e comissão técnica por ocasião das maiores conquistas, entre as quais estão as de 1958 e 1962. Omitiu, isto sim a analogia dos maiores fracassos, os quais, coincidentemente ou não, deram-se nos períodos de maior recrudescimento da exceção, entre os quais pode-se citar, sem sombra de dúvidas, 1994 e 1998.

Como dito acima, o articulista citado também não é cientista social ou político. Trata-se de uma opinião, que embora não se concorde, deve ser respeitada.

TERCEIRO MUNDISMO

Somos do terceiro mundo. Em tudo! Não são minhas estas palavras, mas as adoto pois foram dadas ao entendimento de todos pelo generalíssimo Antônio Hamilton Mourão, o mesmo que quer ser vice-presidente da República Federativa do Brasil, pelo PRTB, na chapa de Jair Bolsonaro.

O general estrelado disse que o Brasil herdou a indolência dos índios e a malandragem dos africanos. O pensamento do vice de Bolsonaro, remonta ao século XIX, quando se acreditava que a totalidade de um grupo seria determinada por fatores tais como o meio, o clima e a raça. Nessa linha de pensamento, o general acha então que devido a indolência dos índios e a malandragem dos africanos, o Brasil é aquilo que todos nós sabemos. E ele quer ser o vice-presidente da República. O general Mourão recuperou uma velha tradição determinista. Não se contentou em falar velhas bobagens. Praticou o velho racismo transformado em pseudociência pelos intelectuais europeus. Pobre Brasil. 

TERCEIRO MUNDISMO II

“O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta era regida pelos melhores. Agora são os canalhas ou os imbecis que estão fazendo a nossa vida, os nossos costumes, as nossas ideias”.

O nosso desenvolvimento vem sendo ditado pelas práticas da antiguidade, quando se explorava a natureza para garantir a sobrevivência. Estamos chegando ao primeiro quarto do século XXI e continuamos nos orgulhando do fracasso de nossa tecnologia e do nosso conhecimento, para apregoar a vergonha de sermos o maior exportador de commodities, coisa de país atrasado. 

Os países desenvolvidos exportam conhecimento, tecnologia. O terceiro mundo exporta mão de obra e produtos primários, ficando com os resíduos de suínos, aves, vacas, que todos sabem o que sobra, e resíduos da extração de minério de ferro e outros minerais. 

TERCEIRO MUNDISMO III

Nossos governantes são submissos a interesses internacionais. Curvam-se diante de uma nota falsa de dólar. Vendem nossas melhores empresas para que os lucros da exploração do povo brasileiro vão para as bolsas de valores estrangeiras. 

Vergonhoso exemplo é a criação de uma joint venture com capital da Boeing americana (85%) e Embraer (15%) Esta empresa, americana, passará a fabricar os aviões da Embraer, enquanto esta se transformará num hangar mixuruca para guardar sucatas. 

Assim mesmo, o povo brasileiro que dorme sobre a maior riqueza natural do planeta, contenta-se em mendigar um emprego de salário mínimo, que já nem mais existe, e diverte-se com o futebol e o carnaval. Assim mesmo há quem diga que o atraso brasileiro se dá por conta das raças que formam a nação. E aí está o vice do Bolsonaro para garantir isso, pois, afinal, temos orgulho do nosso fracasso. 

SOMOS OU NÃO TERCEIROMUNDISTAS?

Muitos dos investimentos que os bancos oferecem são apenas formas diferentes de emprestar dinheiro para eles.  Quando você investe em um CDB, LCI ou LCA está literalmente emprestando o seu dinheiro para o banco. Até quando você deixa o seu dinheiro parado na conta corrente ou na poupança, está fazendo um empréstimo. Os bancos são grandes “máquinas” de pedir dinheiro emprestado, pagando juros baixos, para emprestar esse mesmo dinheiro para outras pessoas e empresas cobrando juros altos.

Lembre-se que os bancos não deixam seu dinheiro parado em um cofre de segurança máxima, esperando você precisar dele. Isso é uma fantasia que muitos ainda carregam.

*Coluna disponível também em meu blog www.jaimecapra.blogspot.com/


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