Deputados e desembargadores terão que decidir se governador afastado cometeu crime de responsabilidade no caso de equiparação salarial dos procuradores
O Tribunal de Julgamento Especial decide nesta sexta-feira
(27) se Carlos Moisés cometeu crime de responsabilidade ao conceder equiparação
salarial aos procuradores do Estado em relação aos procuradores da Alesc
(Assembleia Legislativa de Santa Catarina).
A sessão de julgamento que pode resultar no afastamento
definitivo de Moisés do cargo ou no seu retorno após um mês de afastamento está
marcada para 9h, no plenário da Alesc.
Diferente do julgamento de admissibilidade da denúncia, que
resultou no afastamento temporário de Moisés após seis votos favoráveis
(maioria simples), no julgamento desta sexta-feira, sete votos são necessários
para o afastamento em definitivo do governador eleito.
Como quatro desembargadores foram contrários à
admissibilidade da denúncia, a expectativa é pelo arquivamento do pedido do
impeachment e consequente do retorno de governador eleito ao cargo.
A sessão desta sexta-feira terá a participação dos mesmos
integrantes que decidiram pela continuidade do processo e o consequente
afastamento temporário de Moisés por até 120 dias.
São eles: os deputados Kennedy Nunes (PSD), Maurício
Eskudlark (PL), Sargento Lima (PSL), Luiz Fernando Vampiro (MDB) e Laércio
Schuster (PSB).
Também compõem o órgão especial os seguintes
desembargadores: Carlos Alberto Civinski, Sérgio Antônio Rizelo, Rubens Schulz,
Cláudia Lambert de Faria e Luiz Felipe Schuch.
Infectados pela Covid-19, mas assintomáticos, os deputados
Kennedy Nunes e Luis Fernando Vampiro estão isolados em suas residências
(Joinville e Criciúma, respectivamente) e deverão participar da sessão de forma
virtual.
O presidente do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina)
e do tribunal misto, desembargador Ricardo Roesler, vota apenas em caso de
desempate.
A expectativa em torno do possível arquivamento do pedido de
impeachment é corroborada pelo entendimento da Câmara de Direito Público do
TJSC que, na quarta-feira (25), decidiu conhecer parcialmente a reclamação da
Aproesc (Associação dos Procuradores do Estado de Santa Catarina) pela
viabilidade da verba de equivalência retroativa a janeiro de 2019.
Na ocasião do julgamento da admissibilidade da denúncia, a
reclamação da Aproesc estava sendo analisada, mas sem uma situação conclusiva.
Segundo pedido de impeachment
Se a denúncia for arquivada, Moisés ainda terá que enfrentar
pela frente o julgamento de admissibilidade do segundo pedido de impeachment
formalizado por profissionais liberais.
Essa segunda denúncia responsabiliza Moisés pela compra dos
respiradores por R$ 33 milhões e sem garantias e pela tentativa frustrada de
contratação de um hospital de campanha.
A relatora Rosane Portella entregou o parecer no último dia
12, e o desembargador Ricardo Roesler deve marcar a sessão de julgamento de
admissibilidade da denúncia nos próximos dias.
Como será a sessão
A sessão vai começar às 9h, no plenário da Alesc, e poderá
ser tão longo quanto o julgamento de admissibilidade de denúncia, encerrado
apenas no início da madrugada do dia seguinte.
O roteiro prevê discussões, réplicas e tréplicas, mas um
pedido de vistas também poderá ser feito, suspendendo a sessão e adiando o
julgamento para um prazo de cinco dias.
Inicialmente serão lidos os pontos principais do processo, e
na sequência o o defensor público e autor da denúncia Ralf Zimmer Júnior e o
governador afastado temporariamente Carlos Moisés poderão se manifestar por até
30 minutos cada um. Eles ainda poderão
ser interrogados pelos integrantes do tribunal misto e pelos advogados de
defesa e acusação.
Na sequência, os advogados de defesa e acusação terão 90
minutos cada para sustentar suas teses, com possibilidade de réplica e tréplica
para cada parte por até 60 minutos.
Após as manifestações, Roesler vai discutir o objeto da
acusação (crime de responsabilidade) de forma separada com cada um dos 10
integrantes do tribunal.
Após as discussões, o presidente vai apresentar um resumo
dos principais fundamentos da acusação e da defesa, além das provas trazidas.
Em seguida, se um dos integrantes do tribunal entender ser necessário mais
esclarecimentos, poderá pedir vista pelo prazo de cinco dias.
Se não houver um pedido de vistas, a votação terá início,
com quórum mínimo de sete julgadores, que responderão “sim” ou “não” ao
questionamento a ser feito por Roesler, em relação à acusação de crime de
responsabilidade na concessão de equiparação salarial aos procuradores.
Contatado pela reportagem, o advogado do governador Carlos
Moisés, Marcos Probst, preferiu não se manifestar. Já o autor da denúncia,
defensor público Ralf Zimmer Júnior, entende que “o julgamento será um divisor
de águas, entre a legalidade a ser recuperada, a autoestima do catarinense e a
estabilidade harmoniosa dentre os poderes, e para isso, o impedimento se
impõe”.
Em discussão: crime de responsabilidade do governador Carlos
Moisés ao conceder equiparação salarial dos procuradores do Estado em relação
aos procuradores da Alesc sem realizar um ato administrativo.
Réu: Carlos Moisés
Julgadores: deputados Kennedy Nunes (PSD), Maurício
Eskudlark (PL), Sargento Lima (PSL), Luiz Fernando Vampiro (MDB) e Laércio
Schuster (PSB); e desembargadores Carlos Alberto Civinski, Sérgio Antônio
Rizelo, Rubens Schulz, Cláudia Lambert de Faria e Luiz Felipe Schuch.
Presidente do tribunal misto: desembargador Ricardo Roesler
(vota apenas em caso de empate)
Como votaram no julgamento de admissibilidade da denúncia:
Sim: deputados Kennedy Nunes (PSD), Maurício Eskudlark (PL),
Sargento Lima (PSL), Luiz Fernando Vampiro (MDB) e Laércio Schuster (PSB); e o
desembargador Luiz Felipe Schuch.
Não: desembargadores Carlos Alberto Civinski, Sérgio Antônio
Rizelo, Rubens Schulz e Cláudia Lambert de Faria.
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