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Trump ameaça tarifa de 10% aos países do Brics e reacende tensão econômica global

Presidente dos EUA acusa bloco de tentar minar o dólar e sinaliza possível retaliação comercial; Brasil responde com defesa do multilateralismo

G1

Última atualização: 2025/07/08 6:45:54

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (8) que os países integrantes do Brics serão submetidos a uma tarifa de 10% “muito em breve”, caso continuem, segundo ele, a tentar enfraquecer a economia norte-americana e substituir o dólar como moeda de referência internacional.

“Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem. Mas eu também sei jogar”, declarou Trump durante coletiva de imprensa na Casa Branca. Ele argumentou que o bloco estaria engajado em ações que visam remover o dólar da posição de moeda padrão mundial, o que, segundo o republicano, representaria uma ameaça à soberania dos EUA. “Perder o padrão mundial do dólar seria como perder uma guerra, uma grande guerra mundial”, disse.

A medida anunciada por Trump atinge diretamente países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes do Brics como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Egito, Etiópia e Indonésia.

A fala de Trump ocorre em meio a um endurecimento de sua retórica contra o bloco. Na segunda-feira (7), o presidente já havia afirmado em sua rede social que qualquer nação alinhada às “políticas antiamericanas” do Brics também poderia sofrer retaliações econômicas. Contudo, o governo dos EUA informou que, até o momento, não há decreto formal em andamento e que a decisão dependerá dos próximos desdobramentos diplomáticos.

Em resposta, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu defendendo a soberania dos países que integram o grupo. “Não aceitamos intromissão de quem quer que seja”, disse Lula, reforçando o compromisso com o multilateralismo. Lula ainda classificou como irresponsável o uso de redes sociais por parte de um chefe de Estado para ameaçar outras nações. “Não acho uma coisa muito responsável e séria”, declarou.

A possibilidade de imposição de tarifas reacendeu preocupações sobre o futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, buscou reduzir as tensões e enfatizou a importância do diálogo: “Os Estados Unidos só têm a ganhar com o Brasil. Somos um parceiro muito importante”.

A nova ofensiva de Trump também se soma à retomada de sua política de tarifas recíprocas. Nesta semana, o presidente anunciou que pretende restabelecer, a partir de 1º de agosto, cobranças entre 25% e 40% sobre produtos de 14 países, como forma de pressionar por acordos comerciais mais vantajosos para os EUA. O republicano ainda indicou que nos próximos dias notificará a União Europeia sobre novas medidas, embora tenha elogiado os avanços nas tratativas com o bloco.

Além do foco sobre o Brics, Trump também anunciou tarifas de 50% sobre o cobre importado e sinalizou novos impostos sobre semicondutores e produtos farmacêuticos, que, segundo ele, podem chegar a 200%. Ele afirmou que haverá um período de adaptação para o setor farmacêutico antes da entrada em vigor das novas taxas.

As declarações de Donald Trump reacendem o debate sobre o papel dos Estados Unidos no comércio internacional e sobre os efeitos das políticas protecionistas em uma economia global interdependente. No caso do Brasil, as ameaças geram incertezas quanto à manutenção de uma agenda bilateral equilibrada e reforçam a relevância do diálogo diplomático diante de um cenário de crescente instabilidade geopolítica.

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