Viver: uma montanha-russa

Psicóloga Gabriela MarinFiquei uns três dias pensando sobre o que iria escrever nesse primeiro artigo. É a primeira oportunidade de falar com um público tão abrangente e, admito, fiquei ansiosa e angustiada. Me perguntei diversas vezes “sobre o que eles (vocês que estão lendo) tem interesse em ler quando falo de Psicologia?”A Psicologia completa no próximo dia 27 de agosto 55 anos de regulamentação. Ou seja, foi reconhecida, de direito, uma profissão. Hoje, a Psicologia está nos mais diversos lugares, seja na clínica, nas políticas públicas, na escola, nas instituições, no trânsito, no judiciário, no hospital, no esporte. Enfim, há psicologia onde há pessoas. Diferente do que algumas pessoas ainda pensam, procurar um psicólogo não é sinal de fraqueza ou de loucura. Podemos procurar por queremos nos conhecer mais, olhar para os nossos lados obscuros, escondidos, não visitados, mas que fazem parte de nós e são importantes na nossa constituição de ser pessoa. Porque, afinal de contas, volta e meia eles aparecem, mesmo a gente não querendo, não é mesmo? Aquele dia de irritação extrema com algo que nem a gente sabe identificar, quem não? Aquele sentimento de tristeza sem justificativa aparente? Aquele medo, às vezes, paralisante?Na minha prática, percebo que na maioria da vezes, somos procurados (os psicólogos) quando já há algum sofrimento ou situação difícil de lidar sozinho, seja ela individual, familiar, organizacional. Ok, é isso mesmo, estamos aqui para auxiliar neste momento, também. Ou seja, estamos aqui para os momentos ruins e bons. Afinal, todos nós (me incluo), temos sofrimentos, medos, tristezas, perdas, dificuldades, alegrias, felicidades, conquistas… e isso é ser HUMANO. Ter altos e baixos. Dias bons e ruins. Uns bem ruins e outros maravilhosamente bons. Períodos de conquistas, de perdas, de sociabilidade, de recolhimento. Vejam, que montanha-russa é a nossa caminhada, não é?! E nessa montanha-russa, em alguns momentos, só precisamos de alguém para “segurar a nossa mão”, não necessariamente que nos diga “vai ficar tudo bem”, apenas que a gente saiba que essa pessoa está ali, do nosso lado, para o que der e vier. Isso me conforta. E você, o que sente sobre isso?