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VOCÊ SABE QUAL A IMPORTÂNCIA DAS SEMENTES CRIOULAS?

Última atualização: 2019/05/31 2:24:15

Por denominação, as sementes crioulas são variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas ou indígenas, com características bem determinadas e reconhecidas pelas respectivas comunidades. De acordo o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), estas sementes, passadas de geração em geração, são preservadas nos muitos bancos de sementes que existem no Brasil.

Um banco de sementes também serve como garantia para os produtores rurais, pois mesmo os melhores exemplares podem sofrer com problemas climáticos, como a falta ou o excesso de chuva. Caso uma safra seja prejudicada, os agricultores podem contar com as sementes estocadas para recuperar a produção.

O Governo Federal e outras instâncias políticas deveriam reconhecer a importância de apoiar e fortalecer os bancos de sementes em todo o país e auxiliar a ampliar a base genética disponível para os produtores rurais.

Com a preservação das sementes e do resgate de algumas espécies é que teremos um futuro mais seguro no que diz respeito a produção de alimentos de qualidade. Então não é uma questão somente de garantir a alimentação saudável, mas também de levarmos saúde na mesa das famílias. Esse papel é da agricultura familiar, pois o agronegócio trata da produção de commodities e que tem o seu valor, mas se pensando em alimento saudável é com os pequenos produtores rurais.

MUNICÍPIO ESTÁ PRESERVANDO AS SEMENTES CRIOULAS


A Epagri de Bandeirante, no Extremo Oeste Catarinense, incentiva as famílias rurais a preservar e resgatar as sementes crioulas. O objetivo desse trabalho é propagar esse material para garantir uma alimentação saudável e diversificada para as famílias.

A sensibilização e a motivação das famílias rurais são realizadas pelos extensionistas em visitas às propriedades, eventos do município e outros programas de agroecologia e alimentação saudável. Esse trabalho iniciou há mais de 15 anos e continua junto às famílias que desejam ter em suas propriedades produção de feijão, arroz, milho, batata-doce, batatinha, mandioca, abóbora, moranga, entre outros alimentos. Sou testemunha desse trabalho como extensionista da Epagri no município e como apaixonado pela produção de alimentos saudáveis e baratos.

Um exemplo de sucesso é da família de Hermes  e Cleci Ribeiro dos Santos, na Linha Sertão Alegre. Eles mantêm viva essa tradição e produzem seu próprio alimento, além de multiplicar mudas de diversas culturas e criar galinha caipira. Os alimentos que sobram na propriedade são distribuídos para os vizinhos ou trocados com famílias e técnicos de todo o Estado.

TROCA DE SEMENTES E DE EXPERIÊNCIAS

Nos eventos em que participa, Hermes, sempre leva mudas de abóbora, moranga, maracujá e outros alimentos para trocar com outros produtores. Recentemente, o agricultor recebeu do extensionista José Nicolau Fernandes, da Epagri de Siderópolis, sementes de abóbora gigante. Ele já fez a primeira colheita e agora vai distribuir as sementes.

Nesta semana o seu Hermes nos brindou com mias uma abóbora para propagar as sementes, sendo que as quais serão entregues até o município de Criciúma no sul do estado onde serão plantadas e produzidas lá. O pedido veio de um chef de cozinha que viu a reportagem nas redes sociais e gostou do produto.

Parabenizamos a atitude dessa família e agradecemos a generosidade do extensionista Nicolau, que sempre que vem para o Extremo Oeste traz material para manter viva a tradição das sementes crioulas. Também agradecemos a todos que de uma forma e outra estão realizando esse trabalho como as mulheres campesinas  a igreja e outras entidades que incentivam  a produção agroecológica  e a preservação adas sementes crioulas.

SEMENTES DE TRIGO E A PRODUÇÃO DE CHAPÉUS DE PALHA


Ouro projeto inovador e de muito sucesso na região, mas que se mantém vivo no município de Bandeirante é o incentivo a produção de chapéus a partir da palha de trigo crioulo.

Este exemplo foi buscado no meio oeste onde diversas famílias através do “Projeto tranças da terra” mantiveram viva a tradição de produzir o trigo e com a palha fazer diversos produtos como chapéus, bolsas e outros artesanatos.

A maioria delas já sabia a técnica da trança, porém isso foi deixado de lado por muitos anos. E o projeto resgatou isso e trouxe essas senhoras que já sabiam fazer a trança e outras que não tinham nenhum conhecimento e começaram a se interessar e aprender.

Quando se fala em artesanato, em geral vem à cabeça o feito pelas pessoas do Nordeste. No entanto, o artesanato está espalhado no Brasil todo. Ele não só persiste como tem um futuro cada vez mais interessante, mais aberto e como forma de melhorar a renda das famílias rurais.

BANDEIRANTE TAMBÉM MANTEM ESSA TRADIÇÃO


Em 2005 a Epagri local percebeu que as pessoas tinham deixado de lado a tradição de usar chapéu de palha e passaram a usar bonés, motivados pelos brindes dados pelas empresas do comércio que divulgavam seus produtos.

Observando isso na época eu na qualidade extensionista rural e com apoio de algumas pessoas iniciamos uma campanha de prevenção do câncer de pele, pois os indicies erma altos no estado e no município. Consequência da falta de proteção da pele, principalmente por não usara mais chapéus e muito menos protetor solar.

A campanha tinha o objetivo de sensibilizar as pessoas a trocar o boné pelo chapéu de palha de trigo. Porém nos deparamos com a falta dos chapéus de palha de trigo, pois não se plantava mais trigo crioulo especial para esse tipo de artesanato.

Então veio a feliz ideia de resgatar essa tradição e fomos buscar sementes de trigo peladinho no munícipio de Romelândia e Anchieta a e distribuímos para algumas famílias que tinham esse conhecimento e tradição, mas tinham deixado de lado.

A agricultora Maria Dacroce da comunidade de Novo Encantado que até hoje depois de 14 anos mantém essa tradição e planta o trigo todos os anos, colhe a palha e faz os chapéus. Além disso, distribui sementes e em outros momentos busca sementes de outros lugares para manter a qualidade do produto. 

Exemplos assim nos enchem de orgulho e nos motivam cada vez mais a ajudar no processo de educação do campo, assistência técnica e contribuir no resgate e na manutenção das tradições que geram qualidade de vida e bem estar social e econômico.

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