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Conselho Regional de Enfermagem repudia salários oferecidos para atuar no hospital de campanha em SC

"A proposta é indecente e temerosa", diz comunicado divulgado nesta terça-feira pelo Coren/SC

Última atualização: 2020/04/14 5:24:11


O Conselho Regional de Enfermagem (Coren/SC) lançou nesta terça-feira, dia 14, uma Nota de Repúdio à “desvalorização da vida dos profissionais” de Enfermagem no Processo Seletivo aberto pela Organização Social contratada pelo Governo do Estado, por meio da Defesa Civil, para atuarem no primeiro hospital de campanha de Santa Catarina a ser instalado em Itajaí. No documento, a presidente do Coren/SC, Helga Bresciani, lembra que a categoria está 24 horas ao lado do paciente, sete dias por semana e está mais vulnerável na linha de frente.

Na nota, o Conselho afirma que a instalação do hospital de campanha terá custo de R$ 76.944.253,58 e a Associação Mahatma Gandhi, empresa de Catanduva (SP) para implantar e gerir o hospital, divulgou a contratação dos profissionais com a oferta de salários “muito aquém do mínimo ético referenciado no mercado”. “Para os técnicos de Enfermagem está sendo oferecido o valor de R$ 1.850,00, e para o cargo de Enfermeiro o valor é de R$ 3.400,00, ambos abaixo do que o Coren/SC aprovou como piso salarial mínimo ético em 2018”, diz a nota.

Segundo nota no site do Coren/SC, a proposta é “indecente e temerosa”. “Estas pessoas estarão correndo riscos de contaminação, incluindo até mesmo risco de vida, para atuar durante seis meses e sem garantias mínimas que poderão ser dadas aos seus familiares, pois trata-se de processo temporário de trabalho”, diz a Nota de Repúdio.

O Conselho confirma a importância dos 100 novos leitos de UTI que são necessários à população neste momento de enfrentamento da pandemia. Mas afirma no documento que não tem como aceitar tamanha desvalorização da categoria que está mais dedicada no cuidado aos pacientes e mais exposta.

Segundo o Coren/SC, no país são 2,5 mil profissionais de Enfermagem diagnosticados ou suspeitos de terem a Covid-19 e em Santa Catarina são 226 nesta situação, portanto, precisando se afastar dos locais de trabalho. “Não podemos mais fingir que estamos nos preparando para enfrentar o aumento do número de casos se na hora de implantar um hospital de campanha os valores não são direcionados aos recursos humanos como deveria”, diz a presidente do Coren/SC, que complementa: “Vamos exigir a prestação de contas da implantação deste hospital”.


Acompanhe a nota na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren/SC) vem a público manifestar repúdio à desvalorização da vida dos profissionais de Enfermagem no Processo Seletivo aberto pela Organização Social contratada pelo Governo do Estado, por meio da Defesa Civil, para atuarem no primeiro hospital de campanha de Santa Catarina a ser instalado em Itajaí. Esta categoria é que está 24 horas ao lado do paciente, sete dias por semana e que está mais vulnerável na linha de frente.

A instalação terá custo de setenta e seis milhões de reais (R$ 76.944.253,58) e a Associação Mahatma Gandhi, empresa de Catanduva (SP) para implantar e gerir o hospital, divulgou a contratação dos profissionais com a oferta de salários muito aquém do mínimo ético referenciado no mercado. 

Para os técnicos de Enfermagem está sendo oferecido o valor de R$ 1850,00, e para o cargo de Enfermeiro o valor é de R$ 3400,00, ambos abaixo do que o Coren/SC aprovou como piso salarial mínimo ético em 2018. 

Estamos alertando os profissionais de Enfermagem para que se atentem, pois, a proposta é indecente e temerosa, afinal estas pessoas estarão correndo riscos de contaminação, incluindo até mesmo risco de vida, para atuar durante seis meses e sem garantias mínimas que poderão ser dadas aos seus familiares, pois trata-se de processo temporário de trabalho. 

Estão previstos 100 leitos de UTI que são muitos necessários à população neste momento de enfrentamento da pandemia, mas não podemos aceitar tamanha desvalorização da categoria que está mais dedicada no cuidado aos pacientes e mais exposta. 

No país temos 2,5 mil profissionais de Enfermagem diagnosticados ou suspeitos de terem a Covid-19 e em Santa Catarina são 226 nesta situação, portanto, precisando se afastar dos locais de trabalho. Não podemos mais fingir que estamos nos preparando para enfrentar o aumento do número de casos se na hora de implantar um hospital de campanha os valores não são direcionados aos recursos humanos como deveria. Vamos exigir a prestação de contas da implantação deste hospital.

Somos gente cuidando de gente, não podemos mais aceitar este tipo de descaso!

Plenário do Coren/SC

Gestão 2018/2020


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