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SC deve vender frango a outros países para reduzir impacto após Japão suspender importação

Comitiva do governo federal e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) vai ao país asiático na próxima semana para tentar reverter situação

NSC

Última atualização: 2023/07/19 5:28:12

Santa Catarina já confirmou dois casos de gripe aviária (Foto: Rodrigo Paiva/Folhapress)

A decisão do Japão em suspender a importação de carne de frango e seus derivados de Santa Catarina após a confirmação de um caso de influenza aviária em uma ave de fundo de quintal deve trazer “pequeno impacto” na economia, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Isso porque o plano dos produtores é diluir a produção junto a outros países e estados brasileiros que também fazem a importação do produto.

Santa Catarina é o segundo maior produtor de carne de frango do país. Apesar disso, apenas 3% dos embarques do produto para os japoneses são derivados do Estado. Por conta disso, as associações esperam que parte do impacto da suspensão seja absorvida por outras unidades frigoríficas.

— Haverá um pequeno impacto, mas ele será diluído. Os grupos presentes também possuem exportação para outros estados. Por isso são duas recomendações: mandar parte dessa produção, que seria destinada ao Japão, para outros estados; ou fazer o mesmo movimento com outros países habilitados — pontua.

Conforme apurado pelo Observatório Fiesc, da Federação das Indústrias de Santa Catarina, o país asiático importou US$ 310,8 milhões em frango, ovos e subprodutos, o equivalente a 14,75% da receita total no último ano. Essa é a primeira vez, em 30 anos, que o país suspende a importação.

Para tentar reverter a situação, uma comitiva formada por membros do Ministério da Agricultura (Mapa) e da ABPA irá ao Japão. A previsão é de que a viagem ocorra na próxima semana. O roteiro conta, ainda, com uma visita a Coreia do Sul.

— O Japão tem um entendimento um pouco mais restritivo do que aquilo que recomenda a Organização Mundial de Saúde Animal. Nós vamos justamente tentar mostrar aos japoneses que não há casos na produção comercial por meio de dados. O ministério está bastante empenhado para ter uma solução — pontua Rua.

Impacto em outros mercados

Apesar da confirmação, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina e a ABPA afirmam que tanto o Brasil quanto Santa Catarina seguem com o status sanitário livre de Influenza Aviária de Alta Patogenidade (IAAP), já que não houve casos da doença em ave comercial.

Porém, o Estado tem receio de que a medida imposta pelo Japão possa criar uma reação em cadeia com outros mercados. Por conta disso, o governador Jorginho Mello (PL) deve se reunir nesta quarta-feira (19) com o embaixador do país para discutir a situação. Apesar disso, a ABPA acredita que a situação com o país asiático é pontual e, por isso, não deve afetar as demais relações comerciais.

— O que aconteceu no Espírito Santo e Santa Catarina são casos isolados. Não podemos criar situações que não existem. Só o Japão está adotando essa postura [da suspenção]. Apesar do monitoramento contemplar os outros países, não há nenhum indicativo outro fechamento — explica Luis Rua, diretor de mercados da associação.

Em nota, as entidades informaram que todos os protocolos de biosseguridade seguem elevados e que tem apoiado o trabalho do Ministério da Agricultura e Pecuária, juntamente com a Secretaria de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, no monitoramento dos casos.

“A ABPA, a ACAV e o Sindicarne-SC lembram que não há qualquer risco no consumo dos produtos, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO-ONU) e todos os órgãos internacionais de saúde humana e animal”, diz o comunicado.

Entenda o caso

O foco de gripe aviária foi identificado no sábado (15), em uma ave de fundo de quintal, em Maracajá, no sul catarinense. Segundo o Mapa, o animal estava em um local onde foram encontradas múltiplas espécies de aves, como galinha, galinha-d’angola, faisão, ganso, pato, perdiz e peru. Elas eram criadas soltas e não eram destinadas à produção de produtos para comercialização.

A propriedade foi interditada, as aves eutanasiadas e as carcaças destruídas e enterradas. Este é o segundo caso de gripe aviária registrado em Santa Catarina. Em junho, a doença já tinha sido identificada em uma ave silvestre.

A recomendação é de que a companhia seja comunicada imediatamente caso aves de qualquer espécie apresentem sintomas de Influenza Aviária:

– Sinais respiratórios e neurológicos, tais como dificuldade respiratória

– Andar cambaleante

– Torcicolo ou girando em seu próprio eixo

– Mortalidade alta e súbita

A Cidasc ressalta, ainda, que aves silvestres mortas ou com sinais clínicos da doença não devem ser manipuladas”, e que “não há evidências de que o consumo de carne de aves ou de ovos ofereça risco à saúde humana”.

Os casos podem ser comunicados por meio do sistema e-Sisbravet ou diretamente em um escritório local da Cidasc.

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