O defensor público Ralf Zimmer Junior, autor da denúncia contra Moisés, manifesta-se durante a sessão de julgamento desta sexta (27)
O defensor público Ralf Zimmer Junior, autor da denúncia que
resultou no pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva
(PSL) no caso do reajuste dos procuradores do Estado, reafirmou que o
procedimento que resultou na equiparação salarial dos integrantes da
Procuradoria-Geral do Estado (PGE) foi ilegal, apesar da decisão do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina (TJSC) nesta semana, que considerou legal o procedimento.
Zimmer Junior foi o primeiro a se manifestar durante a
sessão do Tribunal Especial de Julgamento que decidirá se Moisés cometeu crime
de responsabilidade na concessão do reajuste aos procuradores. A sessão, que
teve início por volta das 9 horas desta sexta-feira (27), ocorre no Plenário da
Alesc.
O governador Carlos Moisés, que teria direito a 30 minutos
para se defender durante a sessão, não compareceu.
Já Zimmer Junior reafirmou que o reajuste foi “uma
ilegalidade ululante”, pois ocorreu por meio de processo sigiloso, não
publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e sem a existência de lei
específica. Para o denunciante, o procedimento de equiparação foi “um
abuso do direito”, realizado “acima dos preceitos da Constituição
Federal”. A eventual absolvição de Moisés pelo tribunal, na visão do
defensor público, “abrirá as portas da farra com o dinheiro público”.
“Por que esconder [o processo], se era legal?”,
questionou o denunciante. O reconhecimento de legalidade da equiparação por
meio de procedimento administrativo, na visão de Zimmer Junior, implica em
“conferir poderes inconstitucionais [à PGE], de distorcer e moldar aos
interesses de seus membros o alcance de decisões judiciais.”
Na visão do defensor, Moisés deveria ter sido cauteloso e
ter suspendido a equiparação em fevereiro passado, quando decisão do
desembargador Pedro Manoel de Abreu suspendeu o pagamento dos retroativos
referentes à equiparação.
O defensor público ressaltou que a decisão judicial que
resultou nos pedidos para a equiparação partiu da associação que os representa,
cabendo o direito ao reajuste apenas aos associados e não a todos os
procuradores, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso,
conforme o denunciante, Zimmer Junior também reiterou a vedação, conforme a
Constituição Federal, de equiparação salarial.
Zimmer Júnior recorreu a uma interpretação livre do romance
Dom Quixote para justificar os motivos que o levam a insistir na ilegalidade da
equiparação e na prática de crime de responsabilidade por parte de Moisés. E finalizou sua manifestação com frase
atribuída a Rui Barbosa.
“Espero que não esteja certo Rui Barbosa, quando ele
diz que ‘de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos
dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter
vergonha de ser honesto.'”
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