De acordo com a classe, a antecipação da data ocorreu porque chegaram a um ponto em que não possuem mais condições de trabalhar
Representante dos caminhoneiros, Wanderlei Alves, conhecido
como Dedéco, disse que a categoria iniciará uma
paralisação a partir da meia-noite do dia 29 de abril.
“A maioria dos grupos de
caminhoneiros já decidiu pelo dia 29 de abril, tem uns ou outros que acham que
é pouco tempo, que devemos esperar ainda, mas a maioria concorda sobre o dia 29
porque chegamos num ponto que não tem mais condições de trabalhar”, disse
ele.
“Isso não foi uma decisão
só minha, foi decidido em grupo por várias lideranças de caminhoneiros”,
ressaltou. Ele acredita que, a exemplo do que ocorreu no ano passado, o
movimento deve atingir o Brasil inteiro, crescendo à medida que os dias passam.
Segundo Dedéco, os caminhoneiros decidiram antecipar a paralisação,
anteriormente prevista para 21 de maio, em virtude do novo aumento do diesel.
“Com esse aumento do óleo diesel não tem mais condição”, afirmou.
“Os caminhoneiros estão cientes de que, dentro de 14, 15 ou 16 dias vai
ter outro aumento do diesel, e esse aumento de R$ 0,10/litro já afetou em R$ 1
mil o lucro mensal, e o frete continua o mesmo.”
A Petrobras informou na
quarta-feira que decidiu aumentar
o preço do diesel em R$ 0,10/litro, o que
implica uma variação mínima de 4,518% e máxima de 5,147%, nos seus 35 pontos de
venda no Brasil. O aumento começou a vigorar nesta quinta.
Para Alves, o dispositivo da lei
do piso mínimo de transporte rodoviário de carga que associa o incremento do
frete ao aumento do diesel não adianta porque a tabela de frete não está sendo
cumprida.
“Se estivessem pagando o
piso mínimo, o aumento do óleo diesel não iria nos afetar. Mas não estão
cumprindo”, disse. A lei indica que, sempre que ocorrer oscilação no preço
do óleo diesel no mercado nacional superior a 10%, para mais ou para menos,
nova norma com pisos mínimos deverá ser publicada pela ANTT (Agência Nacional
dos Transportes Terrestres), considerando a variação no preço do combustível.
O representante defende a
melhora na fiscalização do cumprimento do piso mínimo do transporte rodoviário.
Ele citou que o governo vai testar no Espírito Santo o documento de transporte
eletrônico, quando poderia fazê-lo no Brasil inteiro. “Isso obrigaria
embarcadores a repassar o valor correto e a transportadora pagar piso mínimo
aos autônomos.”
Segundo ele, o governo está
optando por dialogar com grupos que não representam os reais interesses dos
caminhoneiros. “Estamos aqui abertos ao diálogo e, se o governo atender à
nossa expectativa, cancelamos a paralisação. Está na mão deles. Por isso demos
o nome da paralisação de Onyx Lorenzoni.”
A mobilização, assim como a
greve do ano passado, está sendo feita por grupos de WhatsApp fechados apenas
para caminhoneiros, conforme o representante. Segundo Alves, o efeito da greve
na economia poderia ser evitado.
“O que eu vejo é o
seguinte: o prejuízo da paralisação da economia é o valor que o governo poderia
desembolsar para oferecer subsídio no diesel até que o piso mínimo do frete
funcionasse para valer.” Alves reforçou ainda que a categoria espera uma
resposta do governo. “Bolsonaro falou com os índios, será que vai
conversar com a gente?”
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